Madeira

Discriminação racial também é realidade na Região

Jovem são-tomense lembra que todos temos “sangue da mesma cor”

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Abdulay Bandeira, jovem negro originário de São Tomé e Príncipe, foi um dos participantes na Tertúlia subordinada ao tema ‘A eliminação da Discriminação Racial’, realizada esta manhã no Auditório da Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos e na qual participaram outros cidadãos oriundos de outras comunidades e etnias a residirem na Madeira.

Há mais de dois anos a estudar na Escola Hoteleira da Madeira juntamente com outros são-tomenses, Abdulay afirma que pessoalmente não tem razões de queixa por nunca se ter sentido visado com atitude ou comentários discriminatórios por parte de madeirenses. Mas testemunhou caso de uma colega também africana que foi alvo de discriminação nos transportes públicos.

“Da minha parte nunca senti discriminação, mas os meus colegas, já!”. Denunciou caso de colega que uma vez quando se encontrava sentada dentro de autocarro foi alvo de insultos racistas por parte de passageira que exigira que a jovem de raça negra se levantasse para ceder o lugar.

“A senhora ao entrar encontrou a colega sentada e pediu-lhe que cedesse o lugar. Como foi recusado insultou-a dizendo que aqui não era o seu pais, que era negra… A vergonha foi tanta que acabou por abandonar o autocarro e ter de fazer o resto da viagem de táxi”, relatou Abdulay.

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Um exemplo que como “existe discriminação, por isso importa ser debatido para ver se conseguimos por fim nisso”, desejou. Para que tal possa um dia ser uma realidade reconhece que é importante denunciar, mas sobretudo todos percebermos que “todos somos seres humanos”, e que mais importante que a cor da pele, todos temos “sangue da mesma cor”.

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De resto, o jovem de São Tomé e Príncipe não tem razões de queixa. O principal problema no início foi a adaptação à Madeira “foi um pouco complicado devido à mudança de clima e de cultura, mas agora já estou adaptado”. Assegura que a mesma integração se verifica com os colegas. Tanto assim é que espera poder “concorrer para a universidade para ganhar mais conhecimento” e mesmo ficar a residir na Madeira “pelo menos alguns anos”, perspectivou.