Madeira

‘Xavelhas’ foram alvo de discriminação durante a cerca sanitária

Pedro Coelho lamenta tratamento desigual que foi dado aos câmara-lobenses neste Dia da Eliminação da Discriminação Racial que deseja ver erradicado do calendário das comemorações anuais

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“Este dia não deveria existir porque enquanto existir é sinal que as coisas não estão a correr bem”. Palavras de Pedro Coelho, presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, por ocasião das comemorações do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.

“Para mim só existe uma raça que é a raça humana”, afirmou o autarca, um dos oradores na Tertúlia subordinada ao tema ‘A eliminação da Discriminação Racial’, a decorrer no Auditório da Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos, moderada pela representante do Governo Regional da Madeira na Comissão para a Igualdade Contra a Discriminação Racial (CICDR), Mariana Bettencourt.

Embora reconheça que “é importante nos associarmos a este dia e alertarmos para estas situações”, sublinha que “não há brancos nem pretos. Há homens e mulheres”. Como tal, “era importante que este dia fosse erradicado do calendário das comemorações anuais” deseja o autarca, apesar de admitir que “há situações que ainda acontecem esporadicamente”.

Questionado se os câmara-lobense foram ou são de alguma forma discriminados a nível regional, admitiu que num passado recente tal só ficou evidente quando da cerca sanitária ocorrida na freguesia sede de concelho há quase dois anos.

“Só tivemos um caso mais recente, que foi o caso da cerca sanitária onde estava tudo a correr bem e lá vieram os ‘xavelhas’ estragar isto tudo”, disse, lembrando a tónica de muitos comentários que na altura ‘incendiaram’ as redes sociais. Lamenta a discriminação de que foram alvo os seus concidadãos câmara-lobense “quando o Covid não nasceu em Câmara de Lobos”, lembra.

Para Pedro Coelho “aí houve um momento em que nós sentimos que os estigmas do passado tinham voltado. Mas depois disso reagimos bem. Somos iguais aos outros, nem melhores nem piores. Nós não somos superiores a ninguém”, atira.

Aparte desse “pequeno momento” desvaloriza qualquer eventual depreciação que possa visar o seu concelho, que a acontecer não passam de casos esporádicos. Diz mesmo que “nós aqui na Madeira não sentimos isso”.

"Infelizmente" ainda precisamos deste Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Graça Moniz, directora Regional dos Assuntos Sociais, participa em Tertúlia subordinada ao tema ‘A eliminação da Discriminação Racial’,

Orlando Drumond , 21 Março 2022 - 10:42

De resto, reforça que Portugal não é um país racista. Lembra um estudo feito nos últimos anos pela União Europeia onde “Portugal era o país menos racista. Mas temos de ter a consciência que este problema ainda existe”. Apontou o exemplo do caso Marega no Desporto. “Agora vamos esperar que esta comemoração que anualmente se faz, com o tempo deixe de existir”, desejou, embora tenha confessado aos presentes na Tertúlia não acreditar que alguma vez deixe de haver Discriminação.