Artigos

Chicão, o homem-bala

Nunca pensei que o pequeno Chicão conseguisse, do alto do seu pouco mais de metro e meio, fazer tanto estardalhaço num partido como o CDS. O pequeno, que por falta de brinquedos em criança desenvolveu uma estranha necessidade de brincar com coisas sérias em adulto, não aprendeu nada na Academia Militar, a não ser a se transformar em homem-bala. Andei para aqui a procurar a justificação para a criatura querer ser Ministro da Defesa Nacional e foi a única que encontrei. Ele sonhava ser essa figura mítica dos circos, pela ligação do nome a uma das mais importantes áreas do País.

Mas reconheço que, qual Rambo dos tempos modernos, o pequeno, sozinho, até deu cabo de mais gente num dia só do que um pelotão inteiro numa qualquer guerra. Dizimou o grupo parlamentar, fez com que o nosso Zé Manel de repente tivesse o cargo mais importante a nível nacional do partido, o que muito nos orgulha como madeirenses e ainda conseguiu desaparecer de cena num ápice, qual homem-bala.

Não sei se volta. Pelo que sei de uma pesquisa rápida ao meu amigo Google, nem todos os circos têm capacidade para ter um número destes. Percebi que para os lados de São Bento, com um tecto de vidro, não seria fácil empregar o Chicão, por isso o dono do circo resolveu não prorrogar o contrato. Ficou só com a Catarina, a ilusionista, que faz desaparecer deputados, com o Jerónimo, o malabarista, que se tenta equilibrar em cima de um grupo parlamentar exímio e a pequena Inês, que anda por ali só porque não quer animais no circo e faz a vez deles se for preciso, passando pelo anel de fogo.

Também podemos ver no espetáculo o André, domador de leões, que conseguiu construir um número com 12 elementos, o João, que tem uns truques no trapézio, o Rui, que faz de palhacinho e traz o seu Zé Albino para entreter o público, porque ele já não consegue sozinho e o António, que está na porta a vender bilhetes e chamuças, porque afinal, vai ser ele a decidir o preço das entradas e o que se come nos próximos quatro anos.

Ainda sem número de circo atribuído está o outro Rui, de cognome O Livre, que anda indeciso entre as acrobacias no solo ou ficar a desempenhar funções nos bastidores, como limpar as jaulas dos animais ou trocar as alcatifas do chão entre cada exibição. Não sei, mas o homem parece talhado para trabalhos pesados desde que lhe vi a musculatura a entrar em Belém para uma audiência. Fazia lembrar aqueles halterofilistas que não têm fatos para o seu tamanho (neste caso, largura) e ficam com as costuras todas em esforço. Uma delícia.

O circo vai começar dentro de dias. Vai estar em exibição quatro anos. Sem homem-bala. A última vez que se ouviu falar dele, já tinha passado Elvas. Com Badajoz à vista.