Madeira

Três dedos apontados ao “partido do medo”

Comentadores do ‘Primeira Mão’ da TSF abordam crise centrista

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Conheça as opiniões de Francisco Gomes, Liliana Rodrigues e Sara Madalena

O estado a que chegou o CDS na sequência das Legislativas de domingo passado foi tema central do programa da TSF ‘Primeira Mão’, com os três comentadores - Francisco Gomes, Liliana Rodrigues e Sara Madalena - a dedicarem dedos diferentes na abordagem ao descalabro centrista e os seus efeitos na estrutura regional do partido, distraída com alianças.

Coligação está a custar ao partido a sua identidade

Francisco Gomes optou pelo mindinho.

“O mais pequenino só pode ir para o CDS, um partido que não é pequenino, mas que tem vindo a ser feito pequenino por pessoas que não têm as características humanas, nem as qualidades políticas, que são necessárias para fazer parte do partido. Um dos seus mais respeitados militantes, em artigo de opinião publicado esta semana no ‘Diário de Notícias’, classificou o CDS como ‘o partido do táxi sem clientes’. Penso que outra expressão que também se aplica é a do partido do medo: Medo da democracia – e, por isso, não se realizam congressos electivos. Medo da dissidência – e, por isso, procura-se humilhar as pessoas que pensam de forma diferente do líder. Medo de quem possa fazer frente – e, por isso, bloqueia-se a adesão de novos militantes”. Francisco Gomes

Não deixou de abordar a postura do CDS na Madeira onde “parece também haver o medo dos eleitores – e, por isso, insiste-se numa coligação que está a custar ao partido a sua identidade, a sua sobrevivência e que pode bem acabar mais cedo do que se pensa porque os militantes do PSD-Madeira têm uma opinião própria e poderão exigir o fim de uma ligação que, à primeira vista, não lhes tem trazido grandes vantagens, a comprovar pela análise simples que pode ser feita dos resultados das últimas eleições”.    

Julga que  partido também chegou onde está porque “quem mais deveria cuidar dele transformou-o numa espécie de empresa que tem por objectivo resolver a sua vida pessoal, garantir algum tipo de relevância na opinião pública e viabilizar o bem-estar financeiro de um punhado, ou pouco mais, de pessoas”.

Mesmo que entenda não ser por acaso que o CDS chega ao fundo do poço onde está, deixa um contributo para uma possível regeneração. “Para mudar, é preciso mudar de gente. É preciso gente de Valor, de Valores e de Princípios. Gente que não tenha receio de fazer com que o partido se erga nos seus dois pés, sem subterfúgios. Gente que dê prioridade ao diálogo, à pluralidade e à transparência. Se assim, não for, o próximo líder do CDS será apenas ‘mais um’. E, correr esse risco, é correr o risco de deixar de haver CDS”, refere.   

Decisão sem ouvir as bases diz tudo

A socialista Liliana Rodrigues optou por colocar o desaparecimento do CDS da Assembleia da República e o questionamento do papel do CDS Madeira na coligação com o PSD-M no seu indicador.

“Estaremos perante um novo partido PPD/PP-CDS?”, questiona, desfazendo a ideia que os centristas perderam para o Chega e para o Iniciativa Liberal.

Perderam por conta própria". Liliana Rodrigues

Entende que a coligação de direita na Região não cumpriu com os objetivos propostos (o 4.º deputado) “e, precipitadamente, anunciou, pela mão do partido menos expressivo, que será dada continuidade à coligação”. No seu entender, esta decisão transmitida em directo, sem ouvir as bases de ambos os partidos é bem reveladora do caminho que percorrem.

Do CDS nacional regista uma comédia e “uma desfaçatez para com o povo”, ao ver “um líder partidário que antes ganhar seja lá o que for já anseia publicamente ser ministro e vislumbra estar entre armas como Ministro da Defesa”.  “Esta forma de estar na vida pública retrata bem o ainda líder do CDS, que se recusou a clarificar a liderança, internamente, com Nuno Melo. Acresce a isto que justificava que seria Ministro da Defesa pela experiência de ter sido estudante do Colégio Militar. Uma comédia-tragédia que diz muito sobre este líder do CDS e a tal soberba que outros falam”, sublinhou.

Vai ser preciso “a corporação de bombeiros na sua plenitude”

A militante centrista, Sara Madalena, colocou o CDS no anelar, dando ênfase à reconstrução do partido a nível nacional e à união de todos os militantes nesse propósito.

Julga que o CDS nacional renascerá “qual fénix das cinzas, mas precisa da corporação de bombeiros na sua plenitude”.

Ninguém conseguirá nada sozinho”. Sara Madalena

Admite ter “uma preferência pessoal que passaria por uma candidatura de Cecília Meireles à liderança do partido”, embora entenda que neste momento, “uma candidatura única poderá ser o ideal para congregar as diversas cisões partidárias, sendo essa a candidatura de Nuno Melo, a que deveremos apoiar pela Madeira, também”.