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Moscovo anuncia pedido de ajuda dos separatistas para combate contra Kiev

Foto: EPA/THIBAULT CAMUS
Foto: EPA/THIBAULT CAMUS

O Kremlin anunciou hoje que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia, no leste da Ucrânia, pediram ajuda ao Presidente russo Vladimir Putin para "repelir a agressão" dos militares ucranianos.

Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, citado pelos 'media' estatais da Rússia, as duas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, cuja independência Moscovo reconheceu esta semana, "solicitaram ajuda do Presidente da Rússia para repelir a agressão das forças armadas ucranianas".

Este apelo, se for aceite, pode significar o envolvimento militar direto da Rússia no leste da Ucrânia, confirmando os receios dos países ocidentais de que Moscovo está a preparar uma invasão ao país vizinho.

O porta-voz do Kremlin acrescentou que os líderes dos dois territórios separatistas escreveram a Vladimir Putin a denunciarem bombardeamentos dos militares ucranianos que causaram mortes de civis e forçaram muitas pessoas a fugirem.

"As ações do regime de Kiev testemunham a sua recusa em acabar com a guerra [na região do] Donbass", referiram os líderes separatistas, citados pelo Kremlin.

A narrativa do Kremlin é contrariada pelo governo ucraniano e países ocidentais, que afirmam que têm sido os separatistas pró-russos a bombardear zonas controladas por Kiev.

Um soldado ucraniano foi morto hoje, e outro ficou ferido, num bombardeamento realizado por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, informou o Exército ucraniano.

As Forças Armadas da Ucrânia não esclareceram o local exato do ataque, dizendo apenas, num comunicado, que um soldado "morreu com ferimentos" e outro sobreviveu, também com ferimentos durante o bombardeamento.

Em Moscovo, Dmitry Peskov acrescentou que este pedido de ajuda foi solicitado "com base" nos tratados de amizade e apoio mútuo celebrados esta semana com Moscovo.

O Ocidente acusa Vladimir Putin de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, França e Rússia.

Estes visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.

Em 2014, os separatistas declararam a independência dos territórios ucranianos de Donetsk e Lugansk, que a Rússia reconheceu na segunda-feira, numa decisão vista pelo Ocidente como um sinal de uma nova invasão da Ucrânia.

Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de "manutenção da paz" para Donetsk e Lugansk, fazendo aumentar o receio de uma ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia.

A guerra no Donbass já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.