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Itália pede à Rússia um desanuviamento da tensão

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O primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, apelou hoje para o desanuviamento da tensão sobre a Ucrânia numa conversa telefónica com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o Governo italiano.

Draghi e Putin concordaram num "compromisso comum para uma solução duradoura da crise e na necessidade de reconstruir um clima de confiança" na sequência das tensões com a Ucrânia, segundo um comunicado divulgado em Roma, segundo a agência France-Presse (AFP).

A conversa centrou-se nos "últimos desenvolvimentos da crise na Ucrânia e nas relações bilaterais", disse a presidência do Governo italiano, também citada pela agência de notícias espanhola EFE.

"Draghi salientou a importância de trabalhar na desescalada das tensões, tendo em conta as graves consequências de um agravamento da crise", acrescentou.

A conversa de Draghi com Putin ocorreu menos de uma semana depois de o líder russo ter afirmado a um grupo de empresários italianos, com quem se reuniu virtualmente, que a Itália é um dos principais parceiros comerciais da Rússia.

O encontro, promovido pela Câmara de Comércio Italo-Russa, causou desconforto e embaraço em Roma, e o executivo liderado por Draghi chegou a sugerir que empresas em que o Estado detém uma participação, como os grupos energéticos Eni e Enel, não participassem no encontro.

Nas últimas décadas, sobretudo em executivos liderados por Silvio Belusconi, a Itália manteve relações mais tranquilas com a Rússia do que os seus parceiros da União Europeia (UE), mas Draghi adotou uma postura mais pró-Aliança Atlântica desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2021.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia aumentou nos últimos meses, após Moscovo ter enviado mais de 100.000 soldados para perto da fronteira com o país vizinho.

Os Estados Unidos acusam a Rússia de se preparar para invadir a Ucrânia, um país já dilacerado por uma guerra civil no leste entre as forças de Kiev e separatistas pró-russos apoiados por Moscovo.

A Rússia nega a intenção bélica, mas condiciona qualquer medida para diminuir a tensão a garantias para a sua segurança, incluindo que a Ucrânia nunca será membro da NATO e que a aliança retirará as suas forças para as suas posições de 1997.

Os Estados Unidos rejeitaram estas exigências numa carta na semana passada, mas deixaram a porta aberta para conversações sobre outras questões, tais como destacamentos de mísseis ou limites recíprocos de exercícios militares.

Numa tentativa de encontrar uma saída para a crise, os chefes da diplomacia russa, Sergei Lavrov, e norte-americana, Antony Blinken, deverão falar hoje, por telefone, numa altura em que o Ocidente prepara sanções económicas na esperança de fazer Moscovo recuar.