António, um Mega incomum

Sempre que desaparece fisicamente mulher ou homem de Cultura, como António Mega Ferreira, ficamos comovidos pelo sentimento de perca, neste caso, de um Mega multicultural e polifacetado.

Podemos não estar na órbita política do jornalista, escritor, poeta, biógrafo, ensaísta, tradutor, homem do Teatro, gestor cultural, melómano e senhor Expo-98, mas fez obra! Quem deixa lastro e amor, não morre!

Conheci-o como apresentador do noticiário da RTP2 e ainda ninguém teve a performance de Mega Ferreira.

Dotado duma enorme cultura de palco, que começou na música, a sua prestimosa e última gestão foi como, presidente da Associação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, catapultando-a para voos mais elevados.

A imprensa foi uma das suas casas e causas, pois seu pai cultivou-lhe o gosto pelas letras e pela liberdade! No tempo da ditadura, foi jornalista num dos baluartes da oposição - Comércio do Funchal, dirigido pelo saudoso, Vicente Jorge Silva. Mega teve uma particular e quase original sensibilidade: amava a obra de outros escritores.

Italiano por adopção, prezava a Itália, logo a seguir à sua iluminada e amorosa Lisboa. Lidava com as palavras como se fossem estrelas que amaravam na sua inspiração, intelecto e na sua fluente pena. Autor de dezenas de livros, é dotado duma capacidade extraordinária de obreiro das palavras, capaz de se espantar e causar espanto.

Esteja lá já onde estiver é com elementar justiça, que já foi entronizado - Ministro da Cultura.

Gratidão ao Mega incomum, até à Eternidade!

Vítor Colaço Santos