País

PR avisa que políticos estão "crescentemente sujeitos" ao escrutínio do seu passado

None

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisou hoje que "aqueles que querem assumir funções políticas" estão "crescentemente sujeitos a um escrutínio sobre a sua vida passada", e que o caminho é "aumentar o grau de exigência".

"Digamos que do que se trata é de para o futuro retirar a lição de que aqueles que querem assumir funções políticas num determinado momento estão crescentemente sujeitos a um escrutínio sobre a sua vida passada. Quer dizer, é assim, isto aplica-se ao Presidente da República", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas à margem de uma cerimónia no Cabo da Roca, concelho de Sintra, onde foi questionado sobre a demissão da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, menos de um mês depois de ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros que lhe foi paga pela TAP.

Para o chefe de Estado, o comportamento político ou jurídico dos altos cargos públicos que ponha em causa o exercício de funções "é uma questão que pesa", quaisquer que eles sejam, Presidente ou membros do Governo.

Questionado sobre se o executivo tem que ser mais criterioso na escolha dos seus governantes, depois de várias demissões desde que tomou posse em janeiro, Marcelo respondeu: "Acho que isto aplica-se a todos os níveis e tem vindo a aumentar no tempo o escrutínio pelo parlamento, por um lado, e por outro lado, pela comunicação social e pela opinião pública".

"Até há muito pouco tempo as pessoas olhavam para o currículo e diziam: tem competência, não tem competência, tem algum passado que permite realmente justificar a escolha. Agora, é muito mais sofisticado, é ver o que fez durante a sua carreira autárquica, administrativa, na sua vida profissional, tudo isso pesa cada vez mais", apontou.

Na opinião do chefe de Estado, houve mudanças nos últimos anos nas democracias no que toca ao escrutínio político.

"Houve uma mudança, não só em Portugal, houve uma mudança nas democracias e o caminho é esse, é aumentar o grau de exigência: por parte das pessoas quando pensam na aceitação a um cargo, por parte da opinião pública quando olha para aquele que é escolhido e por parte de quem escolhe, tendo que apurar aquilo que durante muito tempo não se apurava", sustentou.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros que lhe foi paga pela TAP.

A indemnização a Alexandra Reis foi criticada por toda a oposição e questionada até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que "há quem pense" que seria "bonito" a secretária de Estado prescindir da verba.

No sábado, o Correio da Manhã noticiou que Alexandra Reis recebeu uma indemnização de meio milhão de euros por sair antecipadamente, em fevereiro, do cargo de administradora executiva da transportadora aérea, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos. Em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) e no final do ano escolhida para secretária de Estado do Tesouro.

Depois de pedidos de esclarecimento à TAP, dos ministros das Finanças e das Infraestruturas, e de o próprio primeiro-ministro, António Costa, ter admitido que desconhecia os antecedentes de Alexandra Reis, a demissão foi anunciada na terça-feira à noite pelo gabinete de Fernando Medin