Alterações Climáticas Madeira

Francisco Franco consciencializou-se sobre a mitigação das alterações climáticas

Fotos DR/ESFF
Fotos DR/ESFF

Na passada sexta-feira, dia 9 de dezembro, realizou-se na Escola Secundária de Francisco Franco uma conferência alusiva ao tema Mitigação das Alterações Climáticas, evento promovido pelo Clube de Ecologia Barbusano. Os conferencistas foram Victor Prior, diretor do Observatório Meteorológico do Funchal, e o professor Hélder Spínola, docente na Universidade da Madeira e ex-presidente da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.

A conferência teve início com a intervenção do Victor Prior, esclarecendo as diferenças entre estado do tempo e clima, com destaque para a importância das Normais Climatológicas na determinação do clima de uma região. Fez uma abordagem acerca da recolha de dados dos vários elementos climáticos (temperatura, precipitação, etc.) necessários para a previsão das condições meteorológicas, na Madeira, com destaque para os equipamentos utilizados ao longo do tempo.

Neste sentido, destacou a importância do radar meteorológico instalado no Porto Santo. Este especialista elucidou sobre o fenómeno do efeito de estufa natural da atmosfera e o atual aquecimento global. Enfatizou que o aumento da emissão de gases com efeito de estufa (GEE) para a atmosfera, como o dióxido de carbono e o metano, resultantes de atividades humanas, estão a causar um aquecimento global responsável pelas significativas alterações climáticas.

Apresentou um elevado número de dados que mostram que o clima na Madeira está, efetivamente, a mudar, tal como no mundo inteiro. Alertou para o facto de o aquecimento global não dever ultrapassar 1,5°C, relativamente, à época pré-industrial e, caso venha a atingir valores entre 3 a 5°C, será o fim da Humanidade. Por fim, enumerou um conjunto de medidas que devem ser adotadas no sentido da adaptação às alterações climáticas mas também de mitigação, isto é, de redução das mesmas.

O professor Hélder Spínola iniciou a sua intervenção referindo-se à pertinência das medidas de adaptação às alterações climáticas, mencionadas pelo anterior conferencista, e alertando para o facto de, apesar de existirem instrumentos de gestão do território, as regras não serem cumpridas, pondo-se em risco pessoas e bens. A este respeito, deu como exemplo a ocupação humana de zonas correspondentes a leitos de cheia. Outro dos temas de suma importância foi o controlo apertado que tem de existir nos portos e aeroportos no sentido de impedir a entrada de organismos causadores de doenças e pragas, assim como, organismos considerados invasores.

Enfatizou que os mesmos, face ao cenário de alterações climáticas, encontram na região boas condições para se multiplicar, o que põe em causa a biodiversidade local. Embora não contribua para alterar a biodiversidade, referiu--se ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, que encontrou na região um clima propício devido às alterações climáticas. Estas, segundo o orador, colocam a Laurissilva numa situação de vulnerabilidade, tendo alertado que esta floresta deve ser preservada a todo o custo, de modo a manter a resiliência a este fenómeno e, neste âmbito, a abertura de estradas na Laurissilva é completamente contraproducente.

Aquele investigador apontou um conjunto de medidas de mitigação das alterações de climáticas que devem ser adotadas por todos nós, tais como, o uso dos transportes públicos, a opção pelas lâmpadas LED e a compra de equipamentos eficientes em termos energéticos. Por fim, alertou para o facto de a nossa região ter necessidade de investir, não só na adaptação às alterações climáticas, mas também na sua redução. A Madeira tem muito pouca expressão em termos globais na emissão de GEE, mas o seu contributo para a diminuição do aquecimento global não deve ser desvalorizado.

As pessoas interessadas nesta conferência poderão vê-la online, no Facebook da escola e na página do Clube de Ecologia Barbusano.