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WWF diz que não está a ser feito "o progresso necessário" mas mantém esperança

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Foto EPA

A organização ambientalista WWF afirmou hoje que não está a ser feito "o progresso necessário" na cimeira do clima COP27, ainda que considere que "há sinais que mostram esperança" de que no final se cumpram os objetivos da reunião.

"Não estamos a ver a mudança clara e decisiva de que se necessita das promessas abstratas à ação no mundo real", indicou hoje, em comunicado, a World Wide Fund for Nature (WWF).

Para a organização, nestes primeiros sete dias de negociações da COP27, "não está a ser feito o progresso necessário" em temas críticos como as finanças, fechando a lacuna das emissões de gases com efeito de estufa, os sistemas alimentares e as perdas e danos.

No entanto, a organização ambientalista considera que "há sinais que mostram esperança de que na segunda semana se cumpram os objetivos da cimeira".

A WWF alertou os líderes mundiais de que, neste momento, "a crise climática se está a movimentar mais rápido do que a nossa resposta".

A inclusão na agenda da cimeira de um capítulo dedicado às perdas e danos, com a possível criação de um mecanismo que custeie o impacto da crise climática nos países mais vulneráveis, foi "um êxito inicial", considera a WWF, ainda que não saiba se vai ser possível acordar um plano de financiamento.

"Tendo em conta que os desastres deixam países e comunidades vulneráveis com necessidades de apoio urgente, é essencial que a comunidade internacional se una para ajudar a desenvolver resiliência e abordar os custos injustos da crise climática", afirmou Manuel Pulgar-Vidal, membro da WWF.

Contudo, a organização ambientalista alertou: "Corremos o risco de ver uma semana perdida" no capítulo de perdas e danos, a menos que se tomem mais medidas para assegurar um mecanismo de financiamento.

A WWF expressou também preocupação pelo lento progresso para acordar uma decisão sobre o futuro do grupo de Trabalho Conjunto de Koronivia sobre a agricultura.

"Mais atrasos poderiam levar a uma decisão de pouca ambição, ou pior ainda, a atrasar a decisão até à COP28", afirmou Joao Campari, da WWF.

Apesar das preocupações, a organização acredita que "têm havido alguns desenvolvimentos positivos", como o financiamento para as florestas, reuniões ministeriais prometedoras e recomendações positivas do grupo de peritos de alto nível sobre as zero emissões de gases com efeito de estufa.

"O êxito da COP27 é vital para criar impulso antes da cimeira da biodiversidade COP15 de dezembro em Montreal (Canadá), onde temos a oportunidade de restabelecer o relacionamento entre a humanidade e a natureza", destacou Fernanda Carvalho, gestora de política global da WWF para o clima e a energia.

A crise climática está a impulsionar a perda da natureza e, por sua vez, a destruição dos ecossistemas naturais está a alimentar a crise climática.

"Os líderes devem reconhecer esta interligação, assegurando-se de que a natureza tem um papel mais importante do que as negociações", acrescentou.