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Costa acredita em "consenso" europeu para formar "mecanismo permanente" de estabilização

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Foto EPA

O líder do PS, António Costa, acredita que um "fundo permanente" para enfrentar novas crises, propondo que defendeu hoje, em Berlim, deverá ser discutido nos próximos conselhos europeus, recolhendo consenso por parte dos parceiros.

"Não será seguramente na próxima semana, mas nos próximos conselhos, a discussão sobre a governação económica da Europa. E um dos temas é a existência deste fundo permanente", apontou o secretário-geral do PS em declarações aos jornalistas no final do congresso do Partido Socialista Europeu (PSE).

"Acho que haverá consenso nesse sentido porque a história demonstrou como a sucessão de crises recomenda que haja um mecanismo permanente, e que não tenhamos a cada crise de estar a inventar um mecanismo 'ad hoc' para responder, sobretudo quando os problemas são muito semelhantes", acrescentou.

António Costa participou no primeiro painel do congresso "Leading Europe through change" (Liderar a Europa através da mudança), ao lado de Pedro Sánchez, líder do PSOE e primeiro-ministro espanhol, Robert Abela, líder do Partido Trabalhista e primeiro-ministro de Malta e Magdalena Andersson, líder do Partido Social Democrata e primeira-ministra da Suécia.

Durante a sua intervenção, adiantou que a Europa tem enfrentado "crises nos últimos 15 anos, crises financeiras, crises climáticas, crises pandémicas" e agora a guerra na Ucrânia. Isso significa, defendeu, que é necessário um mecanismo "permanente e estável" para fazer frente e resolver estas crises.

"A forma técnica é muito variável. Pode ser com contribuições de Estado, pode ser com uma emissão conjunta de dívida, como foi no caso do SURE [apoio para mitigar os riscos do desemprego numa emergência], pode ser feita como empréstimos, como foi no caso do SURE, ou como transferências, como no caso do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal], essa não é a questão essencial", avaliou.

"Esta é uma crise que atinge a todos por igual, mas os efeitos são muito desiguais. Por isso temos de ter um mecanismo de estabilização à escala europeia, se quisermos preservar o mercado interno e haver um 'level playing field' ['situação de igualdade'] entre todos dentro deste mercado interno", sustentou Costa no final do congresso do PSE.

A iniciativa, que durou dois dias e que teve hoje a presença de cerca de 300 delegados do PSE, realizou-se a poucos metros da East Side Gallery, uma galeria de arte a céu aberto no maior troço que restou do muro de Berlim.

António Costa comparou a atual guerra na Ucrânia com o muro de Berlim, salientando a necessidade de o derrubar e poder "reconstruir a paz".

"É a grande ambição que todos os europeus têm, e que nós temos para o futuro da Europa, uma Europa onde possamos voltar a viver em paz, de prosperidade, onde todos possam ter confiança e esperança no futuro. Esta guerra é um muro outra vez que está erguido, e é esse muro que temos de vencer para construir a paz", desejou.