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Ivo Rosa queixou-se de Carlos Alexandre por atrasos no processo BES

Carlos Alexandre afirma que o juiz madeirense colocou agentes em perigo de vida devido às suas decisões

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Foto MARIO CRUZ / POOL/ LUSA

O juiz Ivo Rosa recorreu ao Conselho Superior de Magistratura para apresentar uma queixa contra o seu colega Carlos Alexandre, ambos a trabalharem no Tribunal Central de Instrução Criminal. De acordo com notícia do jornal Público, em causa estão atrasos para despachar arrestos e embargos relacionados com o processo BES.

Este processo tem como titular Ivo Rosa, mas outrora esteve nas mãos de Carlos Alexandre, considerado o ‘superjuiz’, enquanto o madeirense dirigia a fase de instrução da operação Marquês.

Ora, após terminar as suas funções no processo que envolvia José Sócrates, Ivo Rosa retomou o processo BES e afirma que se deparou com atrasos no despacho relativo a determinadas questões. É nesse seguimento que surge a queixa junto do Conselho Superior de Magistratura.

Esse órgão quis ouvir Carlos Alexandre que admitiu os atrasos mas lembrou que este é um processo complexo e que tinha em mãos outros casos prioritários, que tinham arguidos presos preventivamente, pelo que careciam de maior celeridade.

Segundo o Público, estes argumentos foram recolhidos pela vogal encarregada de analisar a queixa, que destacou que Carlos Alexandre proferiu cerca de 1.150 despachos no período em que substituiu Ivo Rosa. Além disso, é salientada a complexidade do processo, que motivou a exclusividade do madeirense.

O parecer que terá de ser ratificado opta pelo arquivamento da queixa e elogia o ‘superjuiz’. “Ao aceitar assegurar o serviço em regime de acumulação, Carlos Alexandre teve uma atitude que evidencia sentido de dever elevado e dedicação à causa da justiça”, refere o documento citado pelo jornal.

Carlos Alexandre aponta o dedo a Ivo Rosa

Nas respostas que deu ao CSM, o juiz Carlos Alexandre diz que Ivo Rosa “deu sem efeito actos praticados” por Carlos Alexandre, “de controlo de correio electrónico, não só anulando os actos de visualização, como anulando a validade” de uma busca já efectuada que resultou na apreensão de dispositivos electrónicos.

Carlos Alexandre afirma mesmo que o madeirense, ao anular estas decisões, colocou “agentes encobertos em risco de vida”. Esta será uma referência aos inspectores da Polícia Judiciária que se infiltraram em organizações criminosas. Mais tarde “o Tribunal da Relação de Lisboa veio anular” estas anulações, “considerando que eram actos ilegais e ordenando a reposição” das provas obtidas.

O juiz madeirense deverá ser agora inquirido sobre as acusações proferidas pelo seu colega.