Artigos

Quem muito promete, pouco dá

Tem lógica prometerem o que é da competência do governo? Querem transformar a CMF num governo sombra?

Daqui a uma semana, é dia de eleições e há que decidir quem governará nos próximos 4 anos as nossas Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais e Assembleias Municipais que sustentam a governação das Câmaras.

Segundo os censos realizados este ano, residem na Região Autónoma da Madeira 267.785 pessoas. E só no concelho do Funchal habitam 111.892 pessoas, ou seja, quase metade da população. Daí que ganhar a Câmara Municipal do Funchal é preparar as eleições para o Governo Regional daqui a 2 anos. E, por isso, nestas eleições, existem candidaturas cujos verdadeiros motivos estão escondidos. Alguns babam só de pensar no poder que possam vir a ter.

Para galgar o poder, tudo vale. Olhando para as listas, vemos que o candidato do RIR está em 3.º lugar na lista do PPD/PSD-Madeira e do CDS-PP à Assembleia Municipal do Funchal. Isto é para rir. Qual o critério para estar à frente de tantos militantes? Será que não percebem o efeito corrosivo desta decisão no seio dos partidos e junto da população? O que interessa é ter o poder a qualquer custo? Querem poder para fazer o quê? Para galgar mais poder?

Não sei o que deu nestas eleições para tanto prometerem. É tempo de parar para pensar. As propostas são viáveis? Qual o impacto visual, económico e financeiro das promessas feitas? Qual a visão de futuro que propõem para a cidade? E donde virá o dinheiro para tudo o que prometem?

De todas as promessas feitas, a que mais me surpreendeu pela negativa foi a proposta do PSD-Madeira de criação de um parque de estacionamento para 1.500 lugares no Largo do Município, mais conhecido pelo Largo do Colégio. Calado chegou mesmo a justificar a ideia em debate com o argumento que esta tinha sido uma ideia que o PS já tinha apresentado há alguns anos atrás. Diga lá outra vez, agora o PSD vai apresentar as ideias do PS? Uma má ideia é uma má ideia seja ela de quem for.

Vamos lá todos olhar para a Praça com olhos de ver. Imaginem pisos subterrâneos e inevitavelmente pisos superiores. E lá se foi a Praça. Respondamos à pergunta: Queremos um “mamarracho” naquele espaço? É o mesmo que prometer deitar abaixo a Torre Eiffel e construir em sua substituição um enorme arranha-céu. É possível? É, mas é isto que queremos? A quem beneficia a construção de um estacionamento de 1.500 lugares? Eu não concordo com esta ideia, mas o povo é quem decidirá se quer ou não esta obra quando estiver a votar.

Temos visto os efeitos das alterações climáticas em todo o mundo e também nós já sofremos com alguns desses efeitos na nossa terra. Vamos incentivar a circulação automóvel dentro da cidade? Vamos transformar a nossa cidade em cimento? Acham mesmo que esta obra vai resolver o trânsito na cidade?

A proposta de criação de parques de estacionamento satélite nas zonas altas do Funchal exige um melhor serviço de transporte público. É impossível incentivar o uso de transporte público com os horários existentes e as condições de transporte que os Horários do Funchal nos proporcionam nas horas de ponta.

E o que dizer das promessas de realização de teleconsultas, de apoio aos comerciantes, de apoio a candidaturas de financiamento, de melhor habitação, de tantas obras a realizar e são tantas as promessas que já perdi a conta. Erro crasso. Existe um efeito perverso no excesso de promessas – a sua descredibilização. E tem lógica prometerem o que é da competência do governo? Querem transformar a Câmara Municipal num governo sombra? Ninguém parou para pensar que ao prometerem tudo isto estão a reconhecer que o Governo Regional não está a ser competente?

À conta de quererem baixar a taxa de desemprego, aconselharam vários profissionais a emigrarem. Discursou-se sobre trabalho sem horário, trabalho de baixo salário como privilégio e espantam-se com a diminuição da população e ausência de trabalhadores. Não me vão argumentar que temos “Chulipas” na nossa sociedade porque de imediato vou perguntar de quem é a responsabilidade de atribuir os apoios e de fiscalizar. Não é do Governo Regional?

Aproveito este espaço para fazer um alerta a quem de direito. A constante atividade sismológica ao largo da Madeira nos últimos tempos e a atividade vulcânica registada nas Ilhas Canárias deveriam ser alvo de atenção redobrada a bem da nossa segurança. O ano passado tivemos um susto valente que só não teve consequências graves por ter sido de curta duração. Cabe ao Governo Regional promover um plano de definição de zonas de perigo e de atuação, na esperança de nunca ser necessário acioná-lo.

Por último, apelo a todos para que votem no próximo domingo. Votem em quem desejarem, mas votem. É com a opinião de todos que se constrói o nosso futuro e todos são importantes.