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Escrevi um Livro, “A Agricultura Madeirense e Eu”

Temos que criar propriedades com dimensão suficiente, no mínimo, para que possa pagar uma unidade de trabalho permanente

Escrevi um livro e recentemente lancei-o no mercado. Estiveram mais de noventa pessoas na sua apresentação, feita pela Professora Fátima Marques no Auditório da Reitoria da Universidade da Madeira.

Foram quase sessenta anos de agricultura que coloquei no livro, mais concretamente cinquenta e nove.

Estiveram presentes muitos Técnicos Agrícolas, muitos amigos e algumas entidades oficiais, nomeadamente o Exmo. Senhor Representante da República, Excelentíssima Secretária do Ambiente em representação do Presidente do Governo Regional, três presidentes de Camara, embora tivesse convidados todos, para além de familiares como irmãos, filhos, netos e alguns primos, para além da minha mulher. O Presidente da Secção Regional da Ordem dos Engenheiros Técnicos, também esteve presente, na mesa. Faltou a Editora Sónia Franco, da Arteleia, por motivos de saúde.

Interveio em primeiro lugar a Professora Fátima Marques que fez a apresentação do livro, seguindo-se o Engenheiro ´Técnico José Costa Gil, em nome da Ordem dos engenheiros Técnicos, que fez a minha apresentação, e finalmente fiz a minha intervenção, explicando alguns “porquês” do livro com 384 páginas e oitenta fotografias coloridas com a capa rija e papel de alta qualidade, num tamanho de letra que facilita a sua leitura. Dividido em doze capítulos, com mais o Prólogo e o Epilogo.

Acabei o curso em 1962 na Escola Superior Agrária de Coimbra e depois do estágio obrigatório, e da sua defesa no dia cinco de Dezembro de 1963, dediquei-me de alma e coração à agricultura. Conheci muita gente, tanto agricultores como técnicos mais velhos do que eu, em que especialmente dois, me ajudaram muito e começo por aquele que mais influenciou o meu conhecimento, o Engenheiro Agrónomo Rui Manuel da Silva Vieira, conhecido unicamente por Engenheiro Rui Vieira. Muitas vezes recorri a ele, especialmente, quando queria ir mais além. Muitas vezes ele dizia-me, mas o Duarte sabe, vamos pensar os dois em voz alta. Foi a melhor coisa que ele me fez: obrigava-me a pensar.

Conversávamos muito, principalmente ao Sábado pela manhã. Dávamos uma volta a ver plantas mais raras e assim aprendia o nome delas. Ninguém sabia como ele e ninguém sabia transmitir conhecimentos como ele.

O Dr. Carlos Dória também teve influência nos meus conhecimentos. Quando fiz o estágio e que, também andei pelas feiras do gado, no tempo em que havia gado. Conheci-o melhor quando trabalhei, em parte time no Posto Zootécnico da Camacha, como responsável pelas forragens.

Durante estes cinquenta e nove anos passaram-se comigo várias cenas e episódios que apresento no livro, principalmente com agricultores de toda a Ilha. A qualquer freguesia da Madeira que eu vá, sou reconhecido pelas pessoas. Conhecem-me mesmo pelo nome. No livro conto algumas dessas histórias, algumas que servem para que o livro não se torne muito “maçudo”

Comento várias decisões dos governantes, mas em toda a critica que faço, apresento em todos os casos a sua solução.

A Madeira tem dois grandes problemas que é a orografia e a dimensão das propriedades agrícolas e também das explorações agrícolas, entre outras. É necessário tomar medidas urgentes para ajudar a resolvê-las porque se não as resolvermos, grande parte da agricultura madeirense desaparecerá. Temos que criar propriedades com dimensão suficiente, no mínimo, para que possa pagar uma unidade de trabalho permanente, assim como valorizar os produtos agrícolas de maneira a poder pagar o pessoal que trabalha, um ordenado justo. Com o andar dos tempos o trabalho temporário vai acabar, porque ninguém quererá ficar em casa à espera que seja chamado para trabalhar. Toda a gente quer um trabalho permanente e devidamente remunerado com direito a reforma, saúde e segurança social.

Fazemos sugestões específicas para o Porto Santo, principalmente na questão da falta de água, e às suas culturas principais, embora também dedique algumas páginas para a solução da falta de água de rega, ou melhor do seu desvio para o consumo e com as grandes levadas a perderem mais de trinta por cento da água, por falta de manutenção, na Madeira. Aliás nenhum Governo Regional, pós 25 de Abril se preocupou com a agricultura, porque o agricultor nunca foi capaz de demonstrar o seu descontentamento nas urnas.

As Vilas e Cidades da Madeira e do Porto Santo devem ser transformadas, de modo a captarem muito mais turismo, optando por ajardinamentos de cariz tropical. Acabar com os plátanos, com as tipuanas e cevadilhas, acelerar a cobertura das ribeiras, fazendo as latadas, por exemplo.

As Câmaras devem ter legislação idêntica para todos os Municípios e os Planos Diretores não podem ser impeditivos do desenvolvimento agrícola, como atualmente acontece.

Enfim, isto e muito mais está escrito no livro “A AGRICULTURA MADEIRENSE E EU, que ao fim e ao cabo são os meus contributos para o desenvolvimento da agricultura e do meio rural madeirense.

O livro encontra-se à venda na Livraria Esperança, na Rua dos Ferreiros, na Papelaria do Colégio, na Rua Câmara Pestana e no meu escritório na Rua do Castanheiro, 39.