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Agricultura ainda cativa alguns jovens no Santo da Serra

Dos pêros às batatas, a terra por aqui parece dar de tudo. Haja quem cave para que a produção seja farta

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A freguesia de Santo António da Serra, no concelho de Machico, tem na agricultura a sua principal actividade, embora sejam cada vez mais os terrenos abandonados à sua sorte.
“Os velhos morrem e ninguém quer saber de cavar a terra”, dizem-nos algumas fregueses com quem nos cruzámos perto a igreja, na Ribeira de Machico.
Sem querer adiantar conversa, pois o trabalho não espera, deixaram perceber que são poucos os vivem da terra. “Vamos plantando para comer”, resumindo assim uma agricultura familiar e de subsistência.

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Em tempos, os pomares de pêros cobriam os poios de uma ponta à outra, mas agora a sidra deixou de ser tão rentável e há quem diga que “não dá para a maçada”. Ainda assim, foi recentemente criada uma sidraria na freguesia para dinamizar a actividade.
Quem ainda acredita na capacidade produtiva da terra é Lucas Gomes, de 13 anos, que vive na Fajã dos Rolos, um sítio “fixe”.

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Apesar da tenra idade, já é ele quem planta e cuida da sua própria horta, pondo em prática os ensinamentos do avô. Não sabe de quem é o poio que costuma cavar, mas resolveu deitar mãos à obra pois a erva estava a tomar conta de tudo, invadindo a propriedade da família. Não sente falta dos centros comerciais. Não gosta muito de jogos de computador. Prefere andar de roçadora a limpar os terrenos. E é vê-lo de carro-de-mão numa azáfama que o avô já não consegue acompanhar.

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“Tem um poio de erva. Eu corto, depois cavos as raízes para o lado e planto. O meu avô tem o dele e eu tenho o meu”, esclarece, dando conta de que “na altura do feijão eu planto feijão; na altura da batata, planto batata; da semilha, semilha, do cebolinho, cebolinho”.  “Eu gosto de viver aqui”, refere Lucas Gomes, mas não deixa de pedir mais acção a quem está no poder. Limpeza das veredas e caminhos, reparação do piso dos mesmos, arranjo e limpeza das levadas de rega, estas são as reivindicações de quem do alto dos seus 13 anos assume que tem uma boa vida.

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Quem também agradece o que tem é Teresa Rodrigues, que toda a vida viveu no sítio dos Palheiros, e para quem a freguesia não tem segredos. Não fosse o vento que às vezes sopra com mais intensidade julgar-se-ia no paraíso, aponta a anciã depois de ter comprado o pão ao padeiro que passa à porta de casa. “Ainda bem que não nos falta o pãozinho”.

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Transportes públicos não faltam, embora esta seja considerada uma das zonas mais isoladas do concelho de Machico, paredes meias com a Fajã dos Rolos, ali onde a serra das Funduras começa (ou acaba). “Tem transporte. Para Machico temos bastante transporte, para o Santo já é menos”, refere ao DIÁRIO, dando conta de que o Centro de Saúde muitas vezes parece distante. Mas esta é uma freguesia dispersa, que embora tenha a sua principal centralidade na Ribeira de Machico, alguns dos seus serviços estão noutros locais.