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Presidente de transição do Mali diz estar ileso após ataque com faca

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O Presidente de transição do Mali, Assimi Goïta, disse hoje estar ileso, horas depois de ter sido alvo de um ataque quando se encontrava na Grande Mesquita de Bamako, a participar no rito muçulmano de Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício.

Durante a manhã, após a oração, enquanto o imã se dirigia para a saída da mesquita, Goïta foi atacado por dois homens, que se levantaram e tentaram apunhalá-lo, segundo noticia a agência France-Presse (AFP).

"Estou muito bem. Ninguém ficou ferido", afirmou o chefe de Estado, na estação de televisão nacional, durante o noticiário do final da manhã, onde acrescentou que o ataque tinha sido "controlado".

"Quando se é líder, há sempre descontentes, há pessoas que em qualquer altura podem querer tentar coisas para desestabilizar", apontou.

Os dois homens, cuja motivação não é ainda clara, foram detidos e levados para a sede dos Serviços de Informações do Mali, segundo uma fonte próxima da presidência, citada pela AFP.

Nem Goïta nem o seu primeiro-ministro, Choguel Kokalla Maïga, que também falou na televisão estatal, mencionaram um segundo agressor, fazendo apenas referência a uma pessoa.

Questionados pela AFP sobre se o ato foi uma "tentativa de assassínio" contra o Presidente, os seus serviços responderam: "Sim, absolutamente".

Em 07 de junho, o coronel Assimi Goïta tomou posse como Presidente do Mali durante um período de transição, que deverá devolver o poder aos civis, após dois golpes de Estado condenados pelos principais parceiros do país, fundamental para a estabilidade do Sahel.

O Mali, foco central do 'jihadismo' na região do Sahel, foi cenário de duas tomadas do poder em nove meses por parte de Assimi Goïta e do seu grupo de coronéis.

No primeiro dos golpes militares, em 18 de agosto de 2020, os militares derrubaram o então Presidente Ibrahim Boubacar Keita, enfraquecido por meses de protestos liderados pelo Movimento 5Jun/Reunião das Forças Patrióticas (M5/RFP), um grupo de opositores, membros do clero e elementos da sociedade civil.

Sob pressão internacional, a junta militar que assumiu na altura o poder comprometeu-se a um período de transição limitado a 18 meses e liderado por civis.

Em 24 de maio, porém, o coronel Goïta, que se manteve sempre como o verdadeiro homem forte do governo de transição, deitou por terra o anterior compromisso e mandou prender o presidente interino e o primeiro-ministro transitório, ambos civis.

Desde então, o oficial assumiu-se como Presidente interino, uma decisão caucionada pelo Tribunal Constitucional do país.