Espelho meu existe “falida” mais bela do que eu?

A TAP decidiu pedir a insolvência da empresa de handling Groundforce (GF) onde detém uma participação no capital de 49,9%. É fácil entender que as grandes dificuldades económicas e financeiras atuais da GF tais como as da TAP, decorrem da pandemia da Covid19 que paralisou o setor da aviação. A TAP se não fossem as injeções de capital público que já recebeu no valor de 1.200 milhões de euros e que até 2024 atingirão 3.000 milhões de euros estaria insolvente. Este pedido de insolvência é ainda mais insólito para não dizer bizarro pelo facto de a GF ter como acionista a própria TAP para a qual o Governo PS (GOV) mobilizou ajuda pública de milhares de milhões de euros para tentar conter o impacto destrutivo da pandemia que atingiu de igual modo a GF. GOV que não se mostra minimamente interessado em promover uma solução para viabilizar a GF cujas hipóteses de êxito seriam bem maiores e com custos para o erário público bem menores do que a tentativa de viabilização da TAP. Não sei porquê parece-me estar a assistir a algo “déjà vu” durante a governação de Sócrates com o GOV socialista a “interferir” para “forçar” um desenlace favorável a interesses políticos que mais lhe convêm que não os da GF. GOV que não tem qualquer pejo em “usar” os trabalhadores da GF como marionetas neste seu jogo político. O mesmo GOV que não teve qualquer renitência em pagar 55 milhões de euros pela posição detida na TAP pelo acionista estrangeiro David Neeleman, numa altura em que as ações da TAP nada valiam dada a situação de bancarrota em que se encontrava. GOV que tratou este empresário estrangeiro com a máxima deferência submetendo-se sem pestanejar às suas exigências e até ameaças, mas cujo comportamento em relação ao empresário português e atual acionista maioritário da GF tem sido o oposto. Ao pedir a insolvência da GF, à TAP qual “rainha má” da fábula só lhe falta questionar, espelho meu existe “falida” mais bela do que eu?

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