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Reconhecer o papel de cada um e de todos

Para além do merecido reconhecimento é necessário assegurar condições de trabalho dignas

No próximo dia 7 de abril comemora-se o dia mundial da saúde, criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na sequência da primeira reunião da assembleia geral realizada logo a seguir à segunda guerra mundial.

Desde então todos os anos esta organização reúne em assembleia mundial para decidir uma temática que estará em debate durante o ano, com o propósito de sensibilizar os governos e a sociedade civil para a importância de desenvolver os mecanismos indispensáveis, para melhorar o funcionamento dos serviços aproximando os prestadores de saúde das populações.

Em pleno surto pandémico a decisão da OMS não podia ser mais oportuna ao declarar o ano 2021 como ano internacional dos trabalhadores da saúde e cuidadores, com esta nomeação procura a OMS reconhecer a dedicação, a prontidão, e o esforço que todos os trabalhadores do setor estão a desenvolver no combate a este flagelo mundial.

Na mensagem dirigida aos governos e às diversas instituições a OMS apela a um forte investimento no setor da saúde e à necessidade de congregar vontades e desenvolver esforços para que todos os trabalhadores continuem a atuar na promoção do bem-estar das populações e a assegurar intervenções que garantam o funcionamento e a qualidade dos serviços.

Quando observamos as dificuldades com que se debatem os trabalhadores da saúde, na sua atividade diária, há sinais de cansaço, stress constante para suprir falta de recursos humanos e materiais, gerir equipamentos, e adequar rotinas sempre na salvaguarda do bom funcionamento dos serviços, de forma a não afetar a prestação de cuidados junto dos utentes. No combate ao surto pandémico os trabalhadores da saúde estão disponíveis e mantêm o compromisso, com esforço e dedicação para vencer a pandemia originada pela covid19.

Para além do merecido reconhecimento é necessário assegurar condições de trabalho dignas para todos os trabalhadores do setor, respeitar as jornadas diárias de trabalho de forma a permitir a conciliação da atividade profissional com a vida familiar, não esquecendo de valorizar as carreiras e reconhecer percursos profissionais a cada trabalhador, com soluções justas que motivem o exercício profissional. É necessário contratar mais profissionais de acordo com as carências dos serviços desde que devidamente identificadas.

Estejam os decisores à altura dos desafios, cumprindo os compromissos assumidos, respondendo aos inúmeros problemas com que se debatem os serviços e os trabalhadores da saúde nos vários setores e grupos profissionais. Não é sensato reconhecer esporadicamente o esforço e a dedicação e depois dilatar no tempo as soluções para constrangimentos há muito identificados.

Os serviços de saúde continuarão a existir para outras patologias e para lá do período pandémico, que os ensinamentos aprendidos permitam contrariar a estagnação, corrigir erros e valorizar o trabalho de todos, evitando tendências para a desorganização, o protagonismo individual e o improviso que muitas vezes causam sentimentos de injustiça, desmotivação e exclusão. A ausência de respostas só potencia sentimentos de desconfiança e tensões que importa evitar no futuro.