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Consumo de drogas iliba na Justiça francesa muçulmano que assassinou idosa judia

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Um jovem muçulmano não é criminalmente responsável pelo espancamento e defenestramento em Paris de uma idosa judia porque estava sob efeito de drogas quando cometeu o crime, concluiu o Supremo Tribunal francês.

Numa decisão que causou indignação da comunidade judaica francesa, o veredicto do Tribunal de Cassação em relação ao crime cometido por Kobili Traoré em 2017 confirmou decisões judiciais anteriores, significando que Traoré não enfrentará julgamento, de acordo com a France24. 

O tribunal concluiu que Traoré, hoje com cerca de 30 anos, matou a sua vizinha, de 65 anos de idade, acometido de um "surto delirante", depois de fumar grande quantidade de cannabis, e, portanto, não é responsável pelas suas ações.

Decisões de instâncias anteriores tiveram em conta a natureza antissemita do crime, estando determinado que Traoré gritou "Allah Akbar" ("Alá é Grande") e outros impropérios contra judeus, antes de defenestrar a idosa Sarah Halimi do terceiro andar do seu apartamento. 

Organizações judaicas reagiram à decisão nos últimos dias com indignação. 

O rabino-chefe francês afirmou no Twitter que a decisão é um escândalo, acrescentando que "o antissemitismo não era uma loucura", mas um crime que deveria ser punido legalmente. 

O grupo de comunidades judaicas francesas CRIF criticou o que chamou de "aborto judiciário", enquanto o fundador do Gabinete Nacional de Vigilância Contra o Antissemitismo, disse que "deixou de ter plena confiança de que os crimes de ódio anti-semitas são tratados de forma adequada em França".

Shimon Samuels, diretor de relações internacionais do Centro Simon Wiesenthal, afirmou que a decisão judicial é "um golpe devastador".

 "Depois de três anos angustiantes de debate no tribunal sobre a responsabilidade criminal de um assassino, presumivelmente 'sob a influência' de cannabis - o que basicamente resultou no seu internamento num hospital psiquiátrico em vez de ser julgado e condenado à prisão - a família tem estado no limite até agora", disse Samuels.

 "Esta decisão (...) potencialmente cria um precedente para todos os criminosos de ódio simplesmente aleguem insanidade - ou decidam fumar, cheirar ou injetar drogas, ou até mesmo embriagar-se antes de cometer os seus crimes", adiantou.