eleições legislativas Madeira

CDU-Madeira apresentou candidatos às Legislativas nacionais contra a bipolarização

Fotos DR/CDU
Fotos DR/CDU

A CDU-Madeira realizou hoje no auditório do Sindicato da Hotelaria, a apresentação pública da Lista às Eleições Legislativas pelo Círculo Eleitoral da Madeira, que se realizam a 30 de Janeiro de 2022, com uma ideia em mente: lutar contra uma campanha de bipolarização.

Na iniciativa usaram da palavra a cabeça-de-Lista, Herlanda Amado, que apontou logo baterias a desconstruir essa ideia que, diz, continua-se a "a assistir no País, mas também na Região, à tentativa de lançar uma campanha artificial de bipolarização do quadro político, com apoio de alguma comunicação social, fazendo crer que as eleições para a Assembleia da República são para eleger o Primeiro Ministro e não 230 deputados".

A candidata reforça que "há toda uma campanha assente na mentira sobre a natureza das eleições e os seus objectivos, como se de um campeonato de futebol se tratasse, em que existem os da 1ª divisão que são sempre candidatos ao título e depois existem os outros, os da 2ª divisão, que 'apenas' jogam por jogar, como se estivessem a cumprir calendário".

Nesta analogia ligada ao futebol e transporta para o expectro político, Herlanda Amado diz que "esta ideia errada de que já existem deputados eleitos, quando as eleições são apenas a 30 de Janeiro, tem sido uma ideia passada por alguns recentes comentaristas da nossa praça, que dos 6 deputados que a Madeira irá eleger, o que está em causa é saber se ficam os mesmos 3 PSD e 3 do PS, ou qual dos dois conseguem ter mais 1 ou 2 deputados, sempre alternados entre si", apontou.

Assim, refere, "quem faz passar essa ideia tenta passar um atestado de incompetência e ignorância aos eleitores Madeirenses e Portossantenses, como se não soubessem escolher quem querem que verdadeiramente os represente"- E argumenta: "Quem faz isso tenta fazer passar a ideia de quem nem vale a pena ouvir as propostas das outras forças concorrentes, porque já está tudo decidido. Mas ao contrário de alguns jogos de futebol, não existirá a oportunidade a 31 de Janeiro das populações recorrerem ao VAR para tentar ver a entrada a pés juntos que daria um cartão amarelo a uma das forças políticas concorrentes."

E disse mais, que "aqui, neste campeonato das eleições, em que todos estão exactamente no mesmo ponto de partida o árbitro, são as pessoas", realçando que "quem mostrará o cartão vermelho às políticas do PSD, CDS e PS, são os eleitores, e aqui, camaradas, não vale as jogatinas por debaixo da mesa para tentar influenciar resultados. Aqui, o que importa é a batalha do esclarecimento que temos pela frente e esta será difícil, porque para além das forças partidárias concorrentes, teremos os comentaristas de ocasião, alguma comunicação social pouco ou nada imparcial e muita falsidade à mistura", aponta.

Lembrando que fruto de "avanços conquistados a pulso" pela CDU e pelos trabalhadores, foi possível nos últimos anos, "entre muitos outros, como a reposição dos feriados e salários roubados, o aumento de reformas e pensões e a reposição do subsídio de Natal por inteiro, o alargamento do abono de família, o fim do corte do subsídio de desemprego, o descongelamento de carreiras e valorização remuneratória dos trabalhadores da Administração Pública, a eliminação do Pagamento Especial por Conta para pequenos e médios empresários, ou o desagravamento do IRS para salários mais baixos e intermédios", resumiu.

Com "muitas mais lutas temos de travar para que o caminho de reconquista tenha continuidade", Herlanda Amado aponta algumas prioridadades:

- "Reivindicamos a regulamentação urgente da Lei que altera o direito ao subsídio de mobilidade, que permitiria aos residentes na Região viajar pagando os 86 Euros, sem mais encargos e sem burocracias infernais.

- Defendemos que seja garantido outro tipo de subsidiação ao transporte de mercadorias, para que não sejam sempre os consumidores a ser penalizados, e que viver nas ilhas não implique preços de bens mais caros para quem aqui vive, quando comparados com o continente português.

- Defendemos a solidariedade do Estado na gratuitidade gradual aos utilizadores dos transportes públicos, sem perder de vista os grandes e positivos impactos ambientais que esta medida traria. É urgente outra responsabilização por parte da República no que diz respeito à falta de habitação na Região. São milhares as famílias que esperam e desesperam há anos por uma solução, que vem sendo sempre adiada. O direito constitucional à habitação não é garantido a milhares de pessoas. 

- Reivindicamos a regularização dos vínculos precários existentes na RTP-Madeira e a plena integração de todos os trabalhadores no quadro da empresa, visto que estes trabalhadores desempenham necessidades permanentes para garantir o normal funcionamento da empresa, mas o seu vínculo é precário."

"O nosso dever e o que nos distingue"

Também o coordenador regional do PCP, Edgar Silva, fez uma intervenção no qual  realça que "continuam a ecoar as grandes promessas do desenvolvimento, mas o que vemos é que as grandes esperanças de desenvolvimento propagandeadas pelos governantes aparecem hoje muito distantes das suas metas de realização".

O dirigente partidário lança três questões: "Nós perguntamos, que desenvolvimento é esse que está a gerar tamanha injustiça? Que desenvolvimento é esse que está a gerar morte, que está a provocar, à escala regional e nacional, a morte de tanta gente relegada para as ultraperiferias sociais? Que desenvolvimento é esse que traz tanta morte dos indivíduos, do ambiente, dos povos?"

E aponta; "O aumento das desigualdades não cessa de se agravar. No funcionamento da espiral descendente para o horror da miséria tornam-se mais rígidas as situações da riqueza de uns e da pobreza de muitos outros, numa sociedade centrada na avidez exclusiva do lucro."

Edgar Silva desenvolveu ainda o pensamento, lamentando que "continua a haver uma miséria encolhida que vai destruindo os indivíduos. A exploração é cada vez maior e prevalecem as lógicas de marginalização social. O capitalismo aumenta e agrava os mecanismos de exclusão, destabilizando tantas das expectativas forjadas".

Assim, entende que "aqui emerge o dever da esquerda, a incumbência de questionar e a urgência de exigir uma sociedade radicalmente diferente. Aqui se impõe o empenho na justiça social, o compromisso com a defesa da dignidade e dos direitos dos trabalhadores e do povo". E acrescenta: "A exigência de respostas alternativas, o dever de configurar a alternativa política, com propostas capazes de revolucionar, com linhas de orientação que comportem eficácia criadora para a transformação da sociedade, eis o nosso lugar distintivo. Esse é o nosso o nosso lugar, a marca identitária da esquerda, a nossa tarefa."

E assume que "em contraposição a quantos apenas aspiram a remendar ou a remediar as 'insuficiências da democracia', a nós, cabe-nos a força da reivindicação que responda a horizontes de libertação. A nós, compete-nos dar corpo aos processos emancipatórios e à capacidade de instauração do desejo de libertação".