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Rangel estranha que Rio tenha mudado de posição com "30 anos" contra abertura de cadernos

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O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel criticou Rui Rio por ter proposto no sábado a abertura dos cadernos eleitorais a militantes sem quotas em dia, ao contrário do que defendeu "nos últimos 30 anos", reiterando que "não se mudam regras a meio do processo".

Em declarações aos jornalistas, no final da reunião do Conselho Nacional que se prolongou por oito horas em Aveiro, o eurodeputado classificou a reunião como "um exercício de democracia viva" e "à moda antiga".

Questionado sobre as críticas de Rui Rio de que os seus apoiantes tiveram medo de abrir os cadernos eleitorais - ao rejeitarem a sua proposta para que todos os militantes ativos pudessem votar, em vez de apenas os que têm as quotas em dia -, Rangel frisou que este Conselho Nacional tinha como objetivo único "tentar acelerar os prazos das eleições internas".

"Realmente, houve uma proposta sobre outro assunto que não tem nada a ver. Não conheço nenhum país em que, começados os processos eleitorais, as regras mudam a meio", alertou.

Por outro lado, apontou, "o mais curioso é que a pessoa que há mais de trinta anos faz a campanha mais feroz contra a abertura dos cadernos eleitorais aparece, como por milagre, a defender essa abertura a meio do processo".

Rangel defendeu ter feito "um esforço enorme" para alcançar um consenso com a candidatura de Rio, e que ainda foi possível concordarem na data do Congresso, entre 17 e 19 de dezembro.

"Quanto às diretas, tivemos de marcar uma data que cumprisse os direitos de todos os militantes, foi isso que se fez", afirmou.

Questionado se 27 de novembro lhe oferece "segurança jurídica", o eurodeputado respondeu afirmativamente, contrapondo que a proposta de Rio para diretas uma semana antes não o fazia.

"O PSD está em perfeitas condições, a partir de agora, não só para a campanha interna, mas para mostrar aos portugueses que tem dois candidatos a primeiro-ministro e denunciar seis anos de governação do PS. Temos espaço para essa campanha positiva", defendeu.

Rangel deixou um apelo aos militantes - e disse que gostaria que Rio também o fizesse - para "um pagamento massivo de quotas" até às diretas de 27 de novembro, um prazo que termina no dia 17.

O Conselho Nacional no PSD aprovou no sábado a marcação de eleições diretas para escolher o próximo presidente do partido para 27 de novembro e o Congresso para os dias 17, 18 e 19 de dezembro.

Esta proposta foi a defendida pelo candidato à liderança Paulo Rangel e teve 76 votos a favor, 28 contra e 18 abstenções.

A proposta de Rangel mantém o regulamento de quotas em vigor, segundo a qual só poderão votar os militantes com as quotas em dia, e fixa uma eventual segunda volta em 01 de dezembro.

Esta votação foi realizada de braço no ar, poucos minutos depois de o Conselho Nacional ter rejeitado a proposta do presidente e recandidato Rui Rio para realizar eleições diretas em 20 de novembro, com a possibilidade de todos os militantes ativos poderem votar.

Foi, aliás, o universo de militantes que poderão votar nas próximas diretas que impediu o consenso entre as duas candidaturas, já que Rio pretendia que pudessem votar todos os militantes ativos, ou seja, que tenham uma quota paga nos últimos dois anos (cerca de 83 mil) e não apenas os 27.000 que já regularizaram a quota de dezembro.