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Rio diz que vai tentar "comprimir" prazos de diretas e Congresso em "uma ou duas semanas"

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Foto Lusa

O presidente do PSD e recandidato anunciou hoje que vai "tentar comprimir" os prazos das eleições diretas e do Congresso do partido para diminuir o tempo que o PS tem "a seu favor" para as legislativas de 30 de janeiro.

Em entrevista à TVI, Rio voltou a defender que para ser "como devia ser", o PSD devia estar "sem tumultos internos, todos unidos, todos focados para derrotar o PS em janeiro", e aproveitar os meses de novembro, dezembro e janeiro para essa tarefa.

"Estão a dizer que, se fizer isso, se suspende a democracia e que tenho medo de eleições. Então, vou fazer um exercício - não sei se consigo, vamos ver se consigo - de comprimir isto tudo, diretas e congresso. Se se ganhar uma ou duas semanas é tempo que tiramos ao PS a nosso favor", defendeu.

As eleições diretas do PSD estão marcadas para 04 de dezembro e o Congresso agendado para entre 17 e 19 de janeiro, mas com uma proposta para o antecipar para entre 14 e 16 de dezembro - de apoiantes do seu adversário interno Paulo Rangel -, que será votada no próximo sábado no Conselho nacional em Aveiro.

Na mesma entrevista, Rui Rio assegurou que, se for ele o candidato do PSD a eleições legislativas e perder, apenas permanecerá no cargo "um, dois meses" até o partido se ajustar, mas não ficará "mais quatro anos à espera de eleições".

"Ou eu sou primeiro-ministro ou é a última eleição da minha vida, já tive muitas e não fugi", afirmou.

Questionado sobre se considera possível uma maioria absoluta do PS, Rio considerou que só "depende do PSD".

"Se o PSD se conseguir organizar devidamente e se focar no que é importante e não se dispersar, o PS não tem maioria absoluta e nós temos hipótese de ganhar ao PS", afirmou.

Rio reiterou que, no Conselho Nacional, não irá "pessoalmente" fazer qualquer pedido de adiamento das diretas - já 'chumbado' numa reunião anterior -, mas explicará o seu ponto de vista "aos que estão com os nervos à flor da pele".

O presidente do PSD defendeu que tem mandato até fevereiro (o último Congresso terminou em 09 de fevereiro de 2020) e que, por isso, a data normal de realização da próxima reunião magna seria em fevereiro de 2022.

Confrontado com o facto de o calendário já aprovado ter sido proposto pela direção em 13 de outubro - umas horas antes de Rui Rio ter apelado à suspensão do processo eleitoral até se perceber se haveria ou não crise política -, o líder do PSD respondeu que foi o Conselho Nacional que decidiu "antecipar" as diretas, contra a sua vontade.

"O que quero, desde que sou presidente do partido, é ganhar as eleições ao PS, mas para isso temos de estar unidos e focados nas legislativas, que de repente são agora", afirmou.

Na entrevista, Rio considerou que o PSD já perdeu internamente o 'élan' que tinha conquistado com os bons resultados das autárquicas de 26 de outubro e que pode "perder o tempo todo" até ao Natal em campanha interna.

"Significa que o PSD está apto para eleições que são a 30 de janeiro no dia 2 de janeiro", avisou.

Questionado se não ficaria enfraquecido por ir a legislativas sem diretas, já tendo um adversário apresentado, Rio recuperou uma crítica que já tinha feito nas redes sociais a Rangel, quando este atacou Luís Montenegro pela tentativa de antecipação das diretas em um ano, em janeiro de 2019.

"Agora não estamos a quatro meses de europeias, estamos a quatro meses de legislativas, que ainda são mais importantes", defendeu Rio, dizendo ter "uma missão" e por isso "ter a obrigação de chamar a atenção para a balbúrdia" de deixar o PS livre para preparar as legislativas desde já e o PSD "só entrar a maio".

Se o Conselho Nacional de sábado não for sensível aos seus argumentos, acrescentou, "será melhor para o dr. António Costa, que já está em campanha e tem pelo menos mês e meio de vantagem".

"Se querem fazer, fazem, eu só estou a chamar a atenção, estou a pedir para ponderarem numa coisa em que o prejudicado não sou eu, é o partido todo e até o país todo", defendeu.