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Alterações climáticas prejudicam 'ratings' em África

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O diretor executivo do Centro Global para a Adaptação avisou que as alterações climáticas implicam uma pressão negativa sobre os 'ratings' dos países africanos, aumentando os custos do financiamento internacional para o desenvolvimento destes países.

"As alterações climáticas são uma nova e significativa pressão negativa sobre os 'ratings' dos países africanos, e com o aumento dos impactos, se não nos adaptarmos eficazmente, o custo do financiamento nos mercados internacionais vai aumentar, o que reduz os potenciais investimentos no continente", disse Patrick Verkooijen.

Na apresentação de um relatório sobre o impacto no continente africano, Verkooijen disse também que o combate às alterações climáticas é urgente e inadiável, lançando as bases para a discussão, que acontece nas vésperas da 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26), com o objetivo principal de travar o aquecimento do planeta, que começa domingo em Glasgow, na Escócia.

"Com apenas uns dias até o mundo se juntar em Glasgow para a COP26, não há melhor momento para apresentar as necessidades climáticas de África ao mundo", afirmou o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina.

Na intervenção, o banqueiro lembrou que esta entidade estabeleceu como meta de financiamento o valor de 25 mil milhões de dólares (21,5 mil milhões de euros) para responder a esta pressão, mas reconheceu que é insuficiente.

"Vinte e cinco mil milhões de dólares pode parecer muito dinheiro, mas na verdade não é suficiente para responder às necessidades de adaptação em África, que estão estimadas entre 7 a 15 mil milhões de dólares [6 a 13 mil milhões de euros] por ano", disse o banqueiro.

Milhares de especialistas, ativistas e decisores políticos reúnem-se a partir de domingo em Glasgow na COP26, com o objetivo principal de travar o aquecimento do planeta.

As alterações climáticas são, segundo o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, o maior problema da humanidade, e vão afetar dramaticamente o futuro se nada de substancial for feito.

As emissões de gases com efeito de estufa, que os países tentaram controlar no Acordo de Paris de 2015, mas que continuam a aumentar, estão já a afetar o clima e a natureza das mais diversas formas, segundo os cientistas.

Em África, as necessidades energéticas estão estimadas em 700TW (terawatts), o que é 4.000 vezes mais do que os 175GW (gigawatts) de capacidade eólica e solar que o mundo inteiro adicionou em 2020, por isso "África não se pode industrializar recorrendo apenas à energia solar e eólica", apontam os economistas.

Dos 1,3 mil milhões de africanos, 600 milhões não têm acesso a eletricidade, e a Agência Internacional da Energia estima que o número suba 30 milhões devido à pandemia de covid-19.

Há 48 países na África subsaariana, excluindo a África do Sul, que emitem apenas 0,55% das emissões de CO2, mas sete dos 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas estão nesta região.