Férias no Porto Santo
- Já ninguém pode com este maldito calor.
- É verdade. Não presta nem sequer para o amor!
- Agora é que compreendo o meu amigo Orlando. Ele morre se não for para o Porto Santo!
Rabo na areia, pés naquela água bendita, e ali passa horas infinitas.
- É gostoso. Só que não pode se fixar muito na “paisagem”…pode mexer-lhe com o sistema nervoso!
-Sim, tem esse contratempo. Mas é um homem esperto, vivido, muito experiente.
Já olha para a “paisagem” como uma criança para um brinquedo quando já o tem há muito tempo.
- Nunca fiar. Há brinquedos que nos tocam de tal maneira que a gente os admira e até com eles brincamos a vida inteira.
- Isso é verdade. E o Porto Santo tem essa particularidade. De fazer revivermos o passado com saudade.
- Mas aqui na Madeira, os amigos que temos são tantos que adoram o Porto Santo.
O Emanuel, o Ilídio, o Virgílio e o irmão, o Nelson e o João, o Rui com a viola e os seus fados “ à pistola”, o António (professor) todos reconhecem encontrar no Porto Santo, a paz, a harmonia, a tranquilidade e o amor.
- E o Virgílio – segundo o ouvi dizer- o Porto Santo até lhe dá para emagrecer.
- Mas como é que lhe dá para emagrecer se tudo o que ele lá vê de bom quer comer?
- Querer até pode querer, só que ninguém o deixa comer.
No restaurante até pode cantar o fado à desgarrada, elogiar as empregadas, contar as suas façanhas infinitas que nem o diabo acredita, mas quanto ao “comer” pode esquecer.
Regressa à Madeira, feliz e contente, após alegre e salutar vivência de alguns dias, mas quanto a esse “particular” vem com a barriga vazia.
- Acho bem. Ele também já não é nenhum rapaz até lhe pode fazer mal comer de mais!
- Pois. E há pessoas que vão ao Porto Santo e não precisam de muitas coisas para se contentar.
A Areia, o Mar e uma cama para se deitar. Quando o mar está com maresia passam na cama todo o santo dia.
- É verdade. E chegam cá com o rosto a transbordar de felicidade!
- No fundo, o que é preciso é saber viver neste mundo.
- Mas, vendo bem, se temos Areia, mar e uma cama para nos deitar, que mais podemos aspirar?
- Não sei, mas talvez falte mais qualquer coisinha que agora não nos estamos a recordar.
- Pensa amigo, que eu também vou para casa pensar.
Com sorte e com fé talvez Deus nos possa lembrar!
Juvenal Pereira