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Oposição e governo venezuelano em campanhas separadas sobre legislativas

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Foto Shutterstock

A Venezuela realiza eleições legislativas em 06 de dezembro, data em que o Presidente Nicolás Maduro espera recuperar a Assembleia Nacional, liderada pelo opositor Juan Guaidó, o qual promove uma "consulta popular" para prolongar o funcionamento do atual parlamento.

Neste cenário novo para Venezuela e na corrida eleitoral, participam ainda várias organizações opositoras que se desvincularam de Juan Guaidó, e uma representação de vários partidos cujas direções foram suspensas e substituídas pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas que continuam a dizer que representam a oposição.

Entre estas organizações estão os quatro maiores partidos da oposição (Ação Democrática, Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo), cujas direções impostas pelo STJ apresentaram candidatos, mas as anteriores direções já anunciaram que não participam no processo eleitoral.

O Grande Polo Patriótico (aliança de partidos que apoiam o regime), com exceção do Partido Comunista, que se separou do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), promete mesmo que os resultados vão ser arrasadores e Nicolás Maduro e porta-vozes do executivo têm insistido que o novo parlamento vai "legislar para o povo".

"O povo tem cinco anos tomando notas das sanções (dos EUA e da União Europeia), das 'guarimbas' (barricadas e manifestações que terminaram em violência), dos golpes de Estado (...) chegou a hora de cobrar", disse aos jornalistas o ex-ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, que também lidera a direção da campanha governamental.

Por outro lado, o líder opositor Juan Guaidó, convocou uma consulta paralela para "levantar a voz de condenação" contra o regime e contra as eleições legislativas, que os oposicionistas insistem tratarem-se de "uma fraude", devido a alegadas faltas de garantias de rigor.

A oposição espera ainda que o povo diga se está ou não de acordo que Juan Guaidó exerça "toda a pressão" nacional e internacional para afastar Nicolás Maduro do poder, que decida se o atual parlamento deve continuar em funções independentemente dos resultados das legislativas de 06 de dezembro.

Vários analistas coincidem que a recusa da oposição, que apoia Juan Guaidó, em participar nas eleições deixa o caminho livre para que as forças que apoiam o regime controlem o novo parlamento.

Consideram também que as eleições não vão solucionar a crise política no país. Pelo contrário vão agravar as tensões internas, com consequências nos setores económico e social.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, nas próximas eleições os venezuelanos vão eleger 277 deputados, mais 110 que os eleitos nas legislativas de 06 de dezembro de 2015.

Desde junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela suspendeu a direção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça, Ação Democrática e Tupamaro, bem como de vários partidos afetos ao regime, entre eles o Pátria para Todos, e ordenou que fossem reestruturados, nomeando direções provisórias para esses partidos.

A decisão foi classificada pela oposição como uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime decidirá quem preside aos partidos nas próximas eleições.

A Venezuela tem, desde janeiro, dois Parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime do Presidente Nicolas Maduro, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar que é da oposição.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó jurou assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.

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