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Mais de dois terços das empresas portuguesas encaram o digital como negócio

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Mais de dois terços das empresas portuguesas consideram que o digital contribui de forma activa para o negócio, destacando-se os sectores da educação, saúde e farmácia como os mais bem preparados para uma transformação digital, revela hoje um estudo.

“Os sectores de educação, de saúde e farmácia são os mais bem preparados para uma transformação digital, com os valores mais elevados em vários indicadores culturais e técnicos, o que expressa um conhecimento e uma aplicabilidade mais aprofundados das ferramentas digitais”, lê-se nas conclusões do trabalho, elaborado pela consultora Impacting Digital.

Avançando que “o sector público apresenta, também, valores bastante positivos”, o estudo coloca os sectores da distribuição e da construção “no lado oposto da balança, com os coeficientes cultural e técnico mais baixos” no que se refere à digitalização dos negócios.

Desenvolvido entre 19 de abril e 01 de junho junto de 498 empresas portuguesas de 11 sectores de actividade -- desde entidades cotadas no índice PSI20 a ‘startup’ -- o trabalho concluiu que a tecnologia se tem tornado “um dos principais condutores de mudança nas empresas nacionais”, com “mais de dois terços” a entenderem “que o digital contribui de forma activa para o negócio”.

“A digitalização de processos nas empresas é hoje uma realidade e o destino claro no futuro dos negócios”, sustenta, explicando que “há empresas e sectores que aderem à transformação digital do negócio de forma proativa”, enquanto “outras estão num grau de maturidade estável” e outras se mostram “menos receptivas em aplicar estratégias digitais”.

Endereçado a directores e administradores com poder de decisão nas empresas, o estudo da Impacting Digital pretendeu “analisar o papel e a postura destes líderes” e avaliar “a visão do digital como parte integrante do negócio”.

“A análise incidiu ainda sobre o nível de desenvolvimento tecnológico e de implementação das ferramentas mais relevantes no cenário actual, como o uso de ‘cloud services’, a análise de dados com recurso a ‘software’, as redes sociais como negócio ou a utilização de criptomoedas”, refere.

Os resultados demonstram que as organizações, com uma pontuação média global de 3,48 pontos num máximo de cinco, estão “a orientar-se cada vez mais para uma cultura de desenvolvimento das ferramentas tecnológicas”, verificando-se já, “em muitos casos, a implementação efectiva”.

“As empresas portuguesas estão preparadas para uma transformação digital e procuram promover uma cultura digital no negócio (na componente cultural, a postura dos líderes e das pessoas obteve uma média de 3,52 pontos), ainda que, a nível técnico, não se demonstrem, no momento, tão aptas (a componente do estudo referente ao desenvolvimento e implementação de ferramentas tecnológicas revelou uma média nacional de 3,11 pontos)”, explica.

Entre os inquiridos, quase metade garantiu haver “um claro compromisso dos administradores e CEO [presidentes executivos] em desenvolver uma estratégia de transformação digital”, assumindo-se estes responsáveis como “os impulsionadores da cultura digital nas empresas e sobre os quais recai o poder de decisão sobre esta matéria (80% das respostas)”.

“Ainda assim -- nota o estudo - mais de 40% dos empresários não entende que a visão digital seja totalmente compartilhada por todos os colaboradores”.

No que respeita à operacionalização dos projectos digitais, é ao departamento de ‘marketing’ que as empresas atribuem mais frequentemente esta função, ainda que mais de um quinto dos inquiridos afirme que o ‘outsourcing’ (contratação externa) continua a ser um recurso comum.

Ferramentas digitais novas como as redes sociais são encaradas por 60% das empresas inquiridas como “uma parte integrante e activa do seu negócio”, enquanto as criptomoedas “são ainda olhadas com uma clara desconfiança, com mais de dois terços dos inquiridos a rejeitar a sua utilização”.

As conclusões do trabalho apontam ainda que “são as empresas com maior volume de facturação que mais apostam na digitalização”, o que parece indicar que “a transformação digital está, para já, mais dependente do investimento financeiro do que da cultura digital incutida nas empresas”.

Após um primeiro contacto directo por ‘email’, SMS ou através das redes sociais com os decisores das empresas inquiridas, as respostas foram obtidas através de um ‘chatbot’ (conversação virtual), tendo sido auscultadas companhias dos sectores da tecnologia, automóveis e transportes, distribuição, saúde e farmácia, indústria, retalho, banca, financeiras e seguros, telecomunicações e media, educação, construção e sector público.