Amor em lugar do ódio
Ainda a propósito da morte de Mário Soares, li nestas cartas para a imprensa que quem manifestar a opinião que ele teve grandes culpas no processo da descolonização, quer se trate de ex-combatente no ultramar ou retornado, leva logo com o rótulo de “saudosista do ódio”. Pois quero que fique bem claro, que não sendo retornado nem ex-combatente no ultramar, comungo da mesma opinião dessa gente e garanto que o sentimento que sinto por ele não é nem nunca foi de ódio. Posso não ser da mesma família política de “a” ou “b”, posso não ser simpatizante do clube “c” ou “d”, mas nunca fui odioso contra ninguém nem sequer anti qualquer coisa. Pura e simplesmente serei um “não” isto ou aquilo, mas sentir ódio por alguém, nunca. E sabe a razão? Pura e simplesmente que só quem tem ódio dentro de si próprio, consegue imaginar que quem pensa diferente é odioso. Ou teremos regressado ao tempo da censura e de mentalidade pidesca para ser-se censurado por ter uma opinião diferente? Daquele que não é por nós, é contra nós? Aceite este conselho amigo: isole-se, faça um exame de consciência, fale a sós com Ele, abra o coração, deite esse ódio todo cá para fora transformando-o em amor e vai ver que irá passar a olhar para o seu semelhante de forma diferente. Quem lhe deixa este conselho, confessa-lhe que aos olhos de alguns, também tem defeitos, por exemplo, não sou agnóstico sou um simples crente, espécie em vias de extinção.
Jorge Morais