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May espera acordar com 27 “planos ambiciosos” para acelerar negociações do Brexit

Foto EPA
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A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse esperar que o Conselho Europeu que hoje começa em Bruxelas permita estabelecer “planos ambiciosos” para que as negociações sobre o ‘Brexit’ ganhem um novo impulso nas próximas semanas.

“Vamos olhar para os progressos que foram feitos nas nossas negociações para o ‘Brexit’ e definir planos ambiciosos para as próximas semanas”, disse, sublinhando em particular a “urgência de um acordo sobre os direitos dos cidadãos”, um dos principais “dossiês” que a UE a 27 exige ver “fechado” antes de discutir com Londres a futura relação.

O otimismo de May contrasta com as declarações da véspera do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que disse não esperar qualquer avanço nas negociações sobre o ‘Brexit’ na cimeira que se realiza entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, e advertindo que só com “muito trabalho árduo” haverá progressos no Conselho em dezembro.

“Não espero nenhum tipo de avanço amanhã (quinta-feira). Temos de trabalhar mesmo muito arduamente entre outubro e dezembro para finalizar esta chamada ‘primeira fase’ e começar as negociações sobre as nossas relações futuras com o Reino Unido”, disse Tusk.

Afirmando-se “absolutamente seguro de que ainda é possível terminar em dezembro a primeira fase” das negociações -- ou seja, os termos do “divórcio”, antes de se passar à fase seguinte, sobre as relações futuras entre o Reino Unido e os 27 -, o presidente do Conselho insistiu, todavia, que, para tal, é preciso mais do que “visões muito promissoras”, numa alusão aos discursos da primeira-ministra britânica, Theresa May.

“Precisamos de propostas mais concretas do lado britânico, para ser sincero”, disse, sustentando que “o que é necessário hoje são discussões muito concretas no processo formal de negociações”, e não “um jogo político com comunicação e algum espetáculo”.

O ‘Brexit’ será discutido nos dois dias de Conselho Europeu, pois hoje à noite a primeira-ministra britânica faz questão de partilhar com os seus parceiros europeus as suas “reflexões sobre o ponto da situação das negociações”, e na sexta de manhã os líderes da UE a 27, já sem May na sala, discutirão entre si como prosseguir essas negociações, além de um debate sobre o caminho a seguir sem o Reino Unido.

Relativamente às negociações em torno do ‘Brexit’, o Conselho Europeu deverá constatar que não foram feitos progressos suficientes nos últimos seis meses para se passar à próxima fase das negociações -- a UE só aceita discutir as futuras relações (designadamente comerciais) com o Reino Unido uma vez acertados os princípios do “divórcio” -, mas ao mesmo tempo deixar um sinal político positivo.

Por ocasião da reunião de chefes de diplomacia da UE celebrada na passada segunda-feira no Luxemburgo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, indicou que Portugal defende que o Conselho Europeu dê um “sinal político de empenhamento” da União Europeia a 27 e do Reino Unido em avançar com as negociações, assegurando que estas não estão “bloqueadas”.

“Todos estamos a contar que o Conselho venha a constatar a impossibilidade de avançar já para a segunda fase da negociação, visto que a condição para que esse avanço se pudesse fazer era ter havido progressos substanciais nas rondas negociais que já houve. Mas para que essa constatação não seja meramente um elemento negativo -- constatar que não se avançou suficientemente para se passar à segunda fase -, Portugal e outros Estados-membros entendem que é possível fazer essa constatação dando ao mesmo tempo um sinal político de empenhamento de ambas as partes em resolver o que ainda está por resolver e avançar o mais depressa possível para a segunda fase das negociações”, declarou o ministro.