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Governo venezuelano compra quatro padarias que davam prejuízo na produção de pão

“Não vamos expropriar ninguém”, anunciou o governador do Estado de Táchira, depois de pelo menos quatro padarias de Caracas terem sido intervencionadas e ocupadas pelas autoridades

Foto EPA/PLALACIO DE MIRAFLORES
Foto EPA/PLALACIO DE MIRAFLORES

O Governo venezuelano vai comprar quatro padarias do Estado de Táchira (sudoeste do país), que davam prejuízo na produção e venda de pão aos preços fixados pelo executivo, anunciou hoje o governador local, José Gregório Vielma Mora.

“Em conversações com o vice-presidente (da Venezuela), Tareck El Aissami, chegámos a um acordo para comprar quatro padarias em Táchira. Não vamos expropriar ninguém”, anunciou o governador na sua conta na rede social Twitter.

O anúncio tem lugar depois de pelo menos quatro padarias de Caracas terem sido intervencionadas e ocupadas pelas autoridades, que entregaram a administração das mesmas aos Comités Locais de Abastecimento e Produção.

“Quem estiver a perder (dinheiro) com a venda de pão para o povo, ofereço-lhe uma remuneração justa pelo seu negócio”, anunciou ainda José Gregório Vielma Mora, ex-diretor do Serviço de Administração Alfandegária e Tributária (Seniat).

Diversas fontes dão conta de que quatro padarias, pelo menos duas delas de portugueses, foram ocupadas nas últimas duas semanas pelas autoridades venezuelanas, entre elas a Mansión’s Bakery.

Esse estabelecimento foi alvo, no dia 15 de março, de uma fiscalização das autoridades, que encerraram o estabelecimento e o entregaram a grupos de cidadãos dos Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que entretanto mudaram o nome da padaria para “Minka”.

Um papel colado na porta dá conta que a padaria é controlada por membros dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, produzindo pão que é tirado por uma porta secundária e introduzido numa viatura.

A Superintendência de Preços Justos acusou os proprietários de não cumprirem a nova normativa que obriga as padarias a ter, permanentemente, desde a abertura até ao encerramento, pão disponível para os clientes.

As autoridades acusaram ainda os proprietários de vender o pão a preços mais altos que os permitidos e de manter o estabelecimento em condições de insalubridade.

No passado dia 12, o Presidente Nicolás Maduro instou as autoridades a atuarem com severidade contra setores que, disse, pretendem obstruir o acesso da população a bens de consumo diário, como o pão.

“Aos especuladores que escondem o pão do povo venezuelano deve cair-lhes todo o peso da lei. É um plano da direita fascista para fazer com que as pessoas se irritem. Vamos com toda a força”, disse.

Nesse mesmo dia, o vice-Presidente Tareck El Aissami, anunciou uma nova norma legal que as 709 padarias de Caracas devem respeitar e que estabelece que o pão deve estar à venda desde a abertura até ao encerramento dos estabelecimentos.

“Ao finalizar cada dia deverá ficar pão preparado para o dia seguinte. A venda não poderá ser condicionada e muito menos criados mecanismos ilícitos, como a cobrança de comissões pelo uso de terminais de pagamento”, disse à televisão estatal.

Segundo Tareck El Aissami, a padaria que desrespeite o novo regulamento “será ocupada temporariamente pelo Governo e transferida para os Comités Locais de Abastecimento e Proteção, para fazê-la produzir”.

Os comerciantes queixam-se de falta de farinha, da paralisação dos moinhos e do controlo administrativo dos preços.