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Governo da Catalunha pede apoio da União Europeia

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O Governo da Catalunha pediu hoje o apoio da União Europeia (UE), a três dias da realização de um referendo sobre a independência da região, considerado ilegal por Madrid.

O responsável das relações exteriores do executivo catalão, Raul Romeva, defendeu hoje em Bruxelas que as instituições da UE têm de “compreender que isto é um assunto sério”.

Esta quarta-feira, o presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, acusou, numa entrevista à agência The Associated Press, a UE de ter “virado as costas” à Catalunha no seu conflito com o Governo central de Espanha.

Romeva acusou o executivo de Mariano Rajoy de exercer uma “repressão brutal” sobre responsáveis catalães para tentar evitar o referendo de domingo, que Madrid considera ilegal, o que disse ter gerado “um nível de indignação sem precedentes”.

O representante do Governo catalão afirmou que não espera violência, este domingo, justificando que “não está no ADN dos catalães recorrer à violência para resolver problemas políticos”.

Também a presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, apelou hoje à UE para que sirva de mediadora na crise entre Madrid e a Catalunha.

“Face à gravidade da situação, é meu dever, enquanto presidente da Câmara da capital catalã, Barcelona, apelar à Comissão Europeia para que abra um espaço de mediação entre os governos espanhol e catalão, com o objetivo de encontrar uma solução democrática”, sustentou a autarca, numa crónica publicada no jornal britânico The Guardian.

Para a responsável, impõe-se a necessidade de “defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos catalães face a uma vaga de repressão levada a cabo pelo Estado espanhol”.

Longe de ser um “diferendo institucional”, a questão da independência catalã tornou-se num “conflito social e político”, acrescentou.

Ada Colau, que se opõe à independência da Catalunha e que critica a “ação unilateral” do executivo regional, acusou a “governação intransigente do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy” de ser responsável pela “degradação da situação”.

“As liberdades e direitos fundamentais estão em perigo face às ameaças de detenção de 700 autarcas, o encerramento de páginas na internet e de organizações da sociedade civil e a detenção de altos responsáveis do Governo catalão”, considerou.

As autoridades catalãs estão decididas a realizar um referendo sobre a independência da Catalunha no domingo, que foi considerado ilegal pelos tribunais espanhóis. O Governo central decidiu proibir este ato, mesmo que isso signifique bloquear o acesso aos locais de voto.

A Comissão Europeia reiterou nas últimas semanas que considera a questão como uma questão de política interna espanhola.

Numa das poucas intervenções sobre o assunto, a 14 de setembro passado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, preveniu que iria considerar “as decisões do Tribunal Constitucional espanhol e do parlamento espanhol” antes de reconhecer uma declaração de independência da Catalunha, e lembrou que se a Catalunha porventura se tornasse independente então ficaria fora da União e teria de se candidatar à adesão.

“A Comissão (presidida por Romano) Prodi, a Comissão (de José Manuel Durão) Barroso e a minha sempre dissemos que, sobre esta matéria, iríamos continuar a respeitar as decisões do Tribunal Constitucional espanhol e do Parlamento espanhol”, frisou.

Entre os Governos da UE, várias capitais não esconderam algum desconforto com a detenção de vários altos responsáveis do governo regional catalão, mas são vários os Estados-membros que, acima de tudo, não querem é que se abra um precedente que poderia ter um efeito de contágio independentista, incluindo nos seus países.