Mundo

Bruxelas assinala primeiro aniversário dos atentados ainda em alerta elevado

Os ataques terroristas na capital belga ocorreram a 22 de Março no terminal de partidas do aeroporto Zaventem, matando 18 pessoas e ferindo uma centena

Foto Arquivo
Foto Arquivo

Bruxelas assinala na quarta-feira o primeiro aniversário dos ataques terroristas de 22 de março de 2016 ainda em estado de alerta elevado, sublinhado pela presença constante de militares nas ruas e controlos de segurança reforçados.

No dia da efeméride -- que coincide com a visita oficial do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Bruxelas -, várias cerimónias terão lugar na capital da Bélgica e da União Europeia, que permanece sob estado de alerta “3” numa escala até “4”, o que segundo as autoridades configura uma ameaça “séria e verosímil”, permanecendo também as instituições europeias sob “alerta amarelo”.

As homenagens às vítimas dos ataques reproduzirão de certa forma a cronologia dos acontecimentos na manhã de 22 de março de 2016, com a primeira cerimónia a decorrer no aeroporto internacional de Zaventem às 07:58 locais, hora a que dois terroristas suicidas se fizeram explodir no terminal de partidas, provocando 16 mortos e cerca de uma centena de feridos.

Depois desta cerimónia no aeroporto -- que ainda hoje mantém regras muito mais rígidas de acesso aos terminais -, as autoridades, incluindo a família real, que participará no conjunto das homenagens, rumarão de comboio a Bruxelas.

Ali, no quarteirão “europeu” de Schuman, sede da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, será inaugurado um monumento de homenagem às vítimas, da autoria do artista Olivier Strebelle, na presença do presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker.

De Schuman, a delegação oficial percorrerá algumas centenas de metros até à estação de metro de Maelbeek, para observar novo minuto de silêncio às 09:11, a hora a que, na manhã de 22 de março do ano passado, um outro ‘jihadista’ se fez explodir numa carruagem de metro, provocando 16 mortos e dezenas de feridos.

Um ano volvido sobre os mais graves ataques terroristas cometidos em território belga, reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico e que provocaram no total 32 mortos e quase duas centenas de feridos, Bruxelas recorda as vítimas numa atmosfera ainda de desconfiança face à ameaça de novos ataques.

De acordo com um estudo apresentado em janeiro passado, a ameaça terrorista alterou o comportamento dos belgas, que passaram a ser mais desconfiados dos estrangeiros, sobretudo dos muçulmanos, tendo cerca de um terço dos inquiridos (32%) admitido que alteraram os seus hábitos, evitando eventos com grande afluência e locais públicos como centros comerciais e cinemas.

Num país com uma forte comunidade muçulmana, e que, em termos proporcionais à sua população, é o Estado-membro da União Europeia de onde partiram mais jovens para combater nas fileiras do Estado Islâmico na Síria -- a comuna de Molenbeek, em Bruxelas, ficou tristemente famosa por albergar uma rede de radicais envolvida nos ataques de 22 de março, mas também nos atentados de Paris uns meses antes, em novembro de 2015 -, a polícia federal recebe diariamente cerca 600 informações sobre terrorismo.

De acordo com um alto responsável da polícia federal belga, desde os ataques de março do ano passado, as autoridades já abortaram seis projetos de atentados, o que demonstra a gravidade da ameaça terrorista.

Numa entrevista concedida na semana passada, o ministro do Interior, Jan Jambon, garantiu que hoje a Bélgica é “um país mais seguro” do que há um ano, até porque corrigiu diversas falhas detetadas no quadro dos ataques de março de 2016 -- em áreas como a comunicação entre os serviços de informação e planos de intervenção médica de urgência.

No entanto, advertiu que é necessário continuar a vigilância, pois “a ameaça terrorista evolui”, e nada garante que Bruxelas não volte a ser atingida pelo terror, como há um ano.