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Nova tecnologia visa melhorar a recolha de genes das comunidades aquáticas

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Investigadores dos institutos científicos do Porto INESC TEC e CIIMAR desenvolveram uma tecnologia que permite “melhorar” o processo de monitorização, recolha e preservação do material genético de microrganismos aquáticos.

Em declarações à Lusa, Catarina Magalhães, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e responsável pelo projeto, explicou ontem que a tecnologia, intitulada ‘biosampler’, surgiu com o propósito de “melhorar substancialmente as capacidades de monitorização biológica em sistemas aquáticos”.

A investigação, desenvolvida no âmbito do projeto MarinEye, envolveu investigadores do CIIMAR e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e foi recentemente publicada na revista científica ‘PLOS ONE’.

De acordo com a investigadora líder do projeto, o ‘biosampler’ tem como objetivo recolher amostras biológicas das comunidades planctónicas [seres rudimentares que vivem no oceano e que se movimentam pouco] e fazer a análise do seu material genético.

“O ‘biosampler’ foi projetado para recolher microbiomas [conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema] planctónicos de diferentes frações de tamanho e armazenar o seu ADN e RNA numa solução de preservação para posterior uso em abordagens genómicas altamente sensíveis”, frisou.

O protótipo desenvolvido pelos investigadores, ao “automatizar” todo o processo de colheita de ADN ambiental, vem por isso “substituir” o processo convencional que, até ao momento, era “manual”.

Catarina Magalhães sublinhou que a ferramenta, já testada em tanques de experimentação do INESC TEC e na costa portuguesa, vai também permitir auxiliar a comunidade científica, uma vez que “uma das principais vantagens é a preservação quase imediata das amostras biológicas”.

“A integração do ‘biosampler’ em diferentes sistemas de observação da água, como plataformas de observação fixas e móveis, aumentará substancialmente as capacidades de monitorização biológica, quer através de estudos temporais a larga escala, da diversidade e funções das comunidades microbianas”, referiu.

À Lusa, a investigadora adiantou que já foi submetida uma patente europeia com o objetivo de, num “futuro próximo”, ser possível transformar o sistema desenvolvido num “produto inovador de monitorização marinha passível de ser utilizado em múltiplos sistemas aquáticos”, de como é exemplo a aquacultura.

“Este sistema vai começar a ser utilizado para recolha autónoma do microbioma marinho em atuais e futuros projetos de investigação do CIIMAR, principalmente no que diz respeito a trabalhos de investigação que envolvem a monitorização das comunidades planctónicas”, acrescentou.

Citado também no comunicado do INESC TEC, Alfredo Martins, engenheiro do instituto e responsável pelo estudo, adianta que o sistema desenvolvido vai “solucionar múltiplas limitações associadas à colheita manual” e “impulsionar a monitorização biológica a uma escala temporal e espacial alargada diminuindo os custos e aumentando a sua eficiência”.