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Marcelo Rebelo de Sousa é “um grande Presidente” da República

Foto TIAGO PETINGA/LUSA
Foto TIAGO PETINGA/LUSA

O presidente da Assembleia da República afirma que Marcelo Rebelo de Sousa tem uma grande independência em relação a si próprio, o que faz dele “um grande Presidente” e que ele próprio faz questão de repetir que se as eleições fossem amanhã, “não teria dúvidas em quem votaria”.

Numa entrevista à agência Lusa de balanço do seu mandato, Eduardo Ferro Rodrigues afirma ainda não ver António Costa com perfil de Presidente e que, quanto a si, não quer sair da política para já.

“O Presidente da República atual não tem essa lógica de funcionamento de primeiro mandato e de segundo mandato”, diz Ferro Rodrigues, para quem Marcelo Rebelo de Sousa tem desempenhado muito bem a sua função, e “é uma personalidade com um grau de independência em relação a ele próprio, às suas próprias convicções ideológicas, religiosas, que o torna, exatamente por essa independência, um grande Presidente da República”.

Ferro Rodrigues elogia o bom relacionamento institucional, político e pessoal que foi construído entre ambos, “o não quer dizer que se desculpa tudo aquilo que pode haver negativo na sua personalidade, mas passa-se a reconhecer muita coisa muito importante do seu caráter e a sua maneira de ser”.

Por tudo isto, o presidente da Assembleia da República e destacado dirigente socialista reafirma que não vê motivo para mudar a posição que anunciou há meses [que votaria em Marcelo Rebelo de Sousa] e que acha que essa orientação “corresponde ao sentimento maioritário no PS”.

Questionado sobre se no futuro veria António Costa como Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues considera que “as funções políticas têm muito que ver com a personalidade de cada um” e aponta os exemplos de Jorge Sampaio e de António Guterres.

“Sempre ouvi o doutor Jorge Sampaio (...) ter uma vontade clara de ser Presidente da República, sempre ouvi o engenheiro António Guterres dizer que nem pensar, porque era uma coisa chatíssima”, diz, para sublinhar de seguida: “sobre António Costa, estaria mais tentado -- mas isso é uma especulação -- em achar que ele é mais parecido com António Guterres do que com o doutor Jorge Sampaio”.

Sobre si próprio, Eduardo Rodrigues afirma que “tendo as coisas corrido bem até agora”, não vê “motivo nenhum para sair [da política] sem mais nem menos”.

O atual presidente da AR recorda o período em que esteve doente e, por isso, afastado da vida política e que não gostou “dessa pseudoliberdade que a saída da política dá”.

Quanto à saída da política anunciada pelo seu amigo José António Vieira da Silva, limita-se a comentar que lamenta, mas “cada um sabe da sua vida”.

Relativamente a Carlos César, que também anunciou que não se recandidataria, diz que recebeu a notícia com naturalidade e que tinha conhecimento dessa decisão há um ano, a qual lhe foi comunicada pelo próprio.

“Independentemente da intriga política, que faz parte da vida democrática e que muitas vezes é feita por aqueles que são mais ferristas que o Ferro, ou mais cesaristas que o César, não foi para mim uma surpresa”, comenta, aludindo às notícias que o davam como desavindo com ainda presidente do grupo parlamentar do PS.