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Freguesias debatem descentralização, território e autonomia do poder local em congress

António Costa vai abrir congresso na ANAFRE em Portimão. FOTO Lusa
António Costa vai abrir congresso na ANAFRE em Portimão. FOTO Lusa

Portimão acolhe entre hoje e sábado o XVII Congresso da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), que irá debater a descentralização de competências, o estatuto do eleito local, as finanças e a autonomia do poder local, e a organização territorial.

Durante dois dias, o encontro, que se realiza a meio de um mandato autárquico, vai juntar os autarcas de freguesia para fazer um ponto da situação do trabalho que foi feito na primeira parte do mandato e irá também abordar o que falta fazer até às próximas autárquicas, em 2021.

São esperados, em diferentes momentos, o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública (que tutela as autarquias), Alexandra Leitão, o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, e o vice-presidente da Assembleia da República, Fernando Negrão.

Para hoje estão agendados dois ‘workshops’ sobre alterações climáticas e a rede de televisão digital terrestre (TDT).

Neste congresso, o presidente da Anafre, Pedro Cegonho, deixa o cargo para se dedicar a um doutoramento, mas continua a ser presidente da Junta de Campo de Ourique, em Lisboa, e deputado do PS no parlamento.

Na presidência da associação deverá ser substituído por Jorge Veloso, presidente da União de Freguesias de São Marinho do Bispo e Ribeira de Frades, em Coimbra.

Em entrevista à agência Lusa, Pedro Cegonho defendeu a necessidade de “mais ritmo” na descentralização de competências dos municípios para as freguesias, um dos principais temas do congresso que tem como lema: “Freguesia: Mais próxima e solidária. Mais descentralização!”.

A Anafre preconiza que a Comissão de Acompanhamento da Descentralização possa “funcionar com regularidade e ter um conjunto de indicadores de informação de gestão, de métricas, que lhe permita adoptar procedimentos de aperfeiçoamento do mecanismo”, para saber o que está a funcionar ou não e porquê.

Um tema constante nestes congressos é também a Lei das Finanças Locais (LFL), que foi revista em 2018, mas defraudou um pouco as expectativas dos autarcas de freguesia.

Os autarcas esperavam a aplicação de uma regra geral prevista na alteração da LFL que permitiria subir o montante global a distribuir pelas freguesias, através do Fundo de Financiamento das Freguesias (FFF).

A regra daria às freguesias 2% em 2021 e 2022, e 2,5% em 2023 dos impostos (IRS, IRC e IVA) cobrados no respectivo território, mas no Orçamento para este ano acabou por ser aplicada uma norma transitória -- também aplicada no caso dos municípios - que reduz essa subvenção.

Pedro Cegonho defendeu ainda que todas estas autarquias tenham pelo menos um autarca a meio tempo e um funcionário no quadro, considerando que, com o desempenho de novas competências, não podem funcionar em voluntariado.

A discussão de uma nova lei de fusão e desagregação de freguesias, que seja um elemento de gestão do território e permita “minirreformas administrativas ao nível dos concelhos”, é outra das reivindicações.

A Plataforma Nacional Recuperar Freguesias, que envolve 31 movimentos cívicos de todo o país, considera que “agora e mais do que nunca” é o momento de “separar” as freguesias agregadas, aquando da reorganização administrativa de 2013, onde existem populações descontentes e deliberações aprovadas.

Segundo a plataforma, vários presidentes de juntas de freguesia vão apresentar no congresso uma moção recomendando à Anafre o cumprimento da proposta n.º 5 aprovada no anterior congresso e em conselho geral, que defende que “o parecer das populações seja vinculativo”.