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Embaixada de Portugal em Brasília lamenta “perda irreparável” de Roberto Leal

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O embaixador de Portugal em Brasília, Jorge Cabral, classificou hoje a morte do cantor Roberto Leal de “perda irreparável” para Portugal e “para o mundo artístico”, acrescentando que o artista era um “embaixador da cultura portuguesa” no Brasil.

“O seu falecimento representa uma perda irreparável para a família portuguesa, para Portugal, para a comunidade luso-brasileira, mas, seguramente também, para o mundo artístico e para o panorama musical em geral”, escreveu Jorge Cabral, numa nota enviada à agência Lusa.

“Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes, foi um homem simples e amigo, sempre orgulhoso das suas origens e da sua pátria, honrando as tradições e a música popular portuguesas. (...) Nessa medida, poderá ser genuinamente considerado um “embaixador da cultura portuguesa no Brasil”, acrescentou ainda o diplomata.

Jorge Cabral recordou “com emoção” o encontro que manteve com o cantor, em janeiro deste ano, na cidade brasileira de São Paulo, por ocasião da deslocação ao Brasil do secretário de Estado das Comunidades, José Luis Carneiro, altura em que Roberto Leal lhes falou, “com grande paixão e entusiasmo”, dos diversos projetos ligados à sua atividade profissional, que pretenderia realizar.

Também o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), Flávio Martins, lamentou, em nome pessoal, o falecimento de Roberto Leal, frisando que apesar do “dinheiro e fama” que acumulou ao longo da vida, o cantor nunca ignorou as suas origens, e os seus “valores”.

“Vendeu milhões de discos, ganhou fama, dinheiro e conforto, mas nunca deixou de reverenciar a sua família, o seu país e os seus valores mais essenciais, fosse por meio de sua música, fosse pelo jeito carinhoso, respeitador e atencioso como atendia a quem o procurasse. Nunca o vi, mesmo muito cansado, deixar de atender todos os fãs que quisessem um abraço, um beijo, uma foto, um pouco da atenção do ídolo”, disse Flávio Martins, em declarações à Lusa.

“Nestes mais de 45 anos de carreira como Roberto Leal, justificou o nome que adotou: “Leal”, e foi assim como todos que lidaram com ele, leal e sempre com palavras carinhosas para quem quer que fosse: personalidade ou anónimo, da comunidade portuguesa ou não”, afirmou Flávio Martins, ironizando que “a esta hora, talvez o próprio São Pedro já tenha deixado a portaria para ir “bater o pé””.

Roberto Leal, que morreu na madrugada de hoje em São Paulo, no Brasil, dividiu a sua carreira entre Portugal e o país sul-americano, mas teve ainda passagens na política, no cinema e na televisão.

O cantor nasceu em Portugal, na aldeia transmontana Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, de onde em 1962 emigrou aos 11 anos para o Brasil, com os pais e os nove irmãos.

Em São Paulo, após trabalhar como sapateiro, vendedor de doces e feirante, iniciou o seu trabalho com a música e gravou o seu primeiro disco em 1970.

Um ano depois, alcançou o seu primeiro grande êxito com “Arrebita” e teve a sua primeira experiência na televisão brasileira, vindo a repeti-la em 2011, em Portugal, ao participar no programa da RTP “O Último a Sair”.

“Arrebenta a Festa” foi o último disco editado em 2016 de uma discografia com mais de 50 discos.

Vendeu mais de 17 milhões de discos, conseguiu 30 Discos de Ouro e cinco de platina e ganhou vários prémios, entre os quais o Troféu Globo de Ouro, da TV Globo, em 1972.

Desde há dois anos enfrentava um cancro e ficou com problemas de visão e cegueira no olho direito devido aos tratamentos de radioterapia.

O velório do cantor vai decorrer na segunda-feira, na Casa de Portugal, na região central de São Paulo a partir das 07:00 (horário local, 11:00 em Lisboa) e até às 14:00.

O funeral está marcado para as 15:00 (horário local, 19:00 em Lisboa), no Cemitério Congonhas, na zona sul de São Paulo.