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Ministério Público venezuelano investiga 14 civis e militares por tentativa de golpe de Estado

FOTO Reuters
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O Ministério Público Venezuelano (MPV) anunciou hoje o início de uma investigação contra 14 pessoas, entre civis e militares reformados, alegadamente envolvidos numa tentativa de golpe de Estado contra o Governo do Presidente do país, Nicolás Maduro.

O anúncio foi feito pelo procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime), Tarek William Saab.

Para o MP, aquelas pessoas pretendiam assassinar Nicolás Maduro e nomear o general e ex-ministro da Defesa, Raúl Isaías Baduel, como Presidente da Venezuela.

Durante uma conferência de imprensa em Caracas, o procurador-geral acusou os suspeitos de pertencerem a um grupo subversivo liderado pelo presidente da Assembleia Nacional (na qual a oposição tem maioria), o opositor Juan Guaidó.

Segundo Tarek William Saab, este grupo fez parte de uma tentativa de golpe de Estado frustrada pelas autoridades e prevista para domingo e segunda-feira últimos.

Os suspeitos pretendiam realizar acções armadas que provocariam dezenas ou milhares de mortos” e foram identificados como Eduardo Báez, Antonio Rivero (ex-diretor da Proteção Civil), Ángel Ortíz, Ramón Lozada, Manuel Christopher (ex-director dos serviços secretos), Raúl Isaías Baduel (ex-minsitro da Defesa), Carlos David Guillén, Rafael Huizi Clavier, Miguel Castillo Cedeño, Pedro Caraballo, Rafael Acosta Arévalo, José Gregorio Valladares, Clíver Alcalá e Josenars Baduel.

Na quarta-feira, o vice-Presidente venezuelano para a Comunicação, Cultura e Turismo, Jorge Rodríguez, acusou, os Presidentes da Colômbia, Iván Duque, e do Chile, Sebastián Piñera, de, em conjunto com os Estados Unidos, estarem envolvidos numa nova tentativa de golpe de Estado contra o Presidente do país.

Durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, Jorge Rodríguez anunciou que tinham frustrado o golpe de Estado e apresentou um cronograma do que seriam vários planos golpistas militares, distúrbios e acções terroristas, alegadamente financiadas a partir do estrangeiro.

O político venezuelano acrescentou que os serviços secretos possuem mais de 56 horas de vídeos e precisou que esta nova tentativa de golpe de Estado tinha como propósito libertar o general venezuelano e ex-ministro da Defesa, Raul Isaías Baduel, e levá-lo até à sede do canal estatal Venezuelana de Televisão onde se autoproclamaria Presidente da República.

Entre os alvos do golpe de Estado estariam ainda Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello (tido como o segundo homem mais forte do chavismo), a mulher de Nicolás Maduro, Cília Flores, e Freddy Bernal (polícia e político venezuelano).

Jorge Rodríguez vinculou o líder opositor Juan Guaidó à nova tentativa de golpe de Estado.

O presidente da Assembleia Nacional reagiu acusando o regime de tentar “distrair” as atenções sobre a Assembleia da Organização dos Estados Americanos e a detenção, na República Dominicana, de um avião com três cidadãos que viajariam para a Venezuela com um milhão de dólares (cerca de 880 mil euros).

Entretanto a imprensa venezuelana deu conta da detenção, na quarta-feira, do general reformado Ramón António Lozada Saavedra por oficiais da Direção-Geral de Contrainteligência Militar (serviços secretos militares), no Estado venezuelano de Barinas, 510 quilómetros a sudoeste de Caracas.