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Caracas rejeita acusações de apoiar grupos subversivos na Colômbia

Foto REUTERS/Manaure Quintero
Foto REUTERS/Manaure Quintero

O Presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela (composta unicamente por simpatizantes do regime) condenou ontem à noite as acusações feitas pelo Governo colombiano de que Caracas estaria a apoiar o regresso às armas anunciado por dissidentes das FARC.

“Hoje culpam-nos desde a Colômbia. Lamentamos profundamente o que está a acontecer naquele país. Lamentos que continue a espiral de violência que tem 60 anos e que não começou por culpa da Venezuela”, disse Diosdado Cabello.

Cabello, que é tido como o segundo homem mais forte do chavismo, depois de Nicolás Maduro, falava em Caracas, durante o 1.º Encontro Internacional de Trabalhadores, durante o qual sublinhou que a violência na Colômbia “começou porque a oligarquia matou Gaitán (Jorge Eliecer)”, um jurista, escritor e político colombiano assassinado em 1931.

O também dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) explicou que a Venezuela acolheu mais de cinco milhões de cidadãos colombianos que fugiram do seu país, escapando do conflito armado.

“Não perseguimos ninguém. Integraram-se nas comunidades, têm famílias e desfrutam dos mesmos direitos que os venezuelanos”, frisou.

Depois de mais de um ano de paradeiro desconhecido, o ex-número dois das FARC e principal negociador do acordo de paz de 2016, Iván Márquez, reapareceu num vídeo esta quinta-feira com outros ex-líderes do grupo, anunciando o regresso às armas.

O Presidente colombiano considerou depois que não se trata do aparecimento de uma nova guerrilha, mas de um grupo “narcoterrorista” apoiado pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro.

“Nós, colombianos, devemos ter a clareza de ver que não estamos a assistir ao nascimento de uma nova guerrilha, mas perante ameaças criminosas de um bando narcoterrorista que conta com o acolhimento e apoio da ditadura de Nicolás Maduro”, disse Iván Duque, numa declaração ao país.

O conflito armado na Colômbia, que envolveu guerrilhas, grupos paramilitares, forças do Governo e narcotraficantes ao longo de mais de 50 anos, causou mais de 260 mil mortos, quase 83 mil desaparecidos e 7,4 milhões de deslocados.