Ponta Delgada e o Orgulho de bem receber

Vamos ao Norte a convite de uns amigos. Com 53 anos primeira vez no arraial da Ponta Delgada. E fico surpreendido com várias coisas. Primeiro que tudo a magnitude do arraial em si, muitas barracas (ao perguntar a quem de direito disse-me mais de cem e depois de ver in loco de certeza que ultrapassa este número facilmente) e uma festa a moda antiga. Conjunto de ritmos modernos e Dj (isto já não tão tradicional, mas há que se adaptar também os novos tempos) mas não ao sábado que é o dia mais forte da generalidade dos arraiais. Nesse dia o espectáculo é o povo com a sua presença os, seus brinquinhos e os seus despiques. Mas depois começo a refletir e a pensar como isto é possível sem ir buscar um forte grupo ou artista de Portugal Continental que é o que fazem hoje em dia para manter as festas bem compostas. Pois bem, o principal é o bem receber e o apelo constante para que venham a festa e aí foi onde fiquei mais surpreendido. As pessoas que lá vivem e as que organizam o evento têm um gosto enorme em ver aquilo cheio. Fazem de tudo para que as pessoas se sintam bem na festa e nos dias que antecedem a mesma (muitas delas acampam lá até com um mês de antecedência) e depois apelam a presença das pessoas. Dizem que são noites sem dormir. Porque? Barulho, barulho e mais barulho, vindo da azáfama das pessoas, mas se pensam que eles ficam aborrecidos por isso estão enganados. Eles gostam disso. A festa é feita por eles e para eles. Não se cansam de dizer nem de apelar.” venham a festa, Sem os romeiros a festa não é nada”. E isto não é de hoje. Já são anos disto e que vai passando de geração em geração.

Outra coisa que aprendi foi o que é um cantão. Consiste em zonas que cada sitio tem de enfeitar com flores e ramagens na parte superior dos arredores da igreja e que mostram com orgulho aos que lá chegam. São estas as nossas tradições, são estes os nossos costumes.

Um bem-haja ao povo do Norte e em particular da Ponta Delgada.

José Vieira