O cansaço pode atingir níveis extremos e levar a um esgotamento com grandes impactos para a vida pessoal e profissional.
Na rubrica 'Explicador' de hoje, conheça o que é o 'burnout', quais os seus sinais e o que fazer perante essa situação.
A Ordem dos Psicólogos Portugueses criou em 2020 um manual sobre o 'burnout', onde refere que o stress ocupacional é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais reportado na Europa, afectando mais de 40 milhões de trabalhadores em toda a União Europeia. De acordo com os dados divulgados, as situações de stress ou 'burnout' são responsáveis por 50% a 60% do absentismo laboral nas empresas europeias.
O que é o 'burnout'?
Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses, o 'burnout' (esgotamento, em português) é um tipo de síndrome que consiste num cansaço extremo, com sintomas físicos e mentais.
O esgotamento caracteriza-se, sobretudo, pela exaustão emocional, pela despersonalização em relação ao trabalho e pela baixa realização profissional, com sentimentos de infelicidade e insatisfação com a sua profissão.
Determinadas profissões, por envolverem tarefas que implicam contacto muito próximo e envolvimento emocional com os outros – como é o caso dos Profissionais de Saúde, Professores ou Educadores – são especialmente vulneráveis a este problema de Saúde Psicológica.
Quais são os sinais de um 'burnout'?
O esgotamento manifesta-se por sintomas tanto físicos, quanto emocionais, impossíveis de passar desapercebidos, uma vez que têm grande impacto na saúde e na vida da pessoa afectada.
Sintomas físicos:
- Sensação de fadiga que não passa;
- Fragilidade do sistema imunitário;
- Dores musculares e enxaquecas frequentes;
- Alterações do apetite;
- Alterações do sono,
- Tremores;
Sintomas emocionais:
- Esvaziamento emocional;
- Sentimento de fracasso, derrota e desamparo;
- Sentimento de solidão;
- Falta de motivação;
- Negativismo;
- Diminuição da satisfação e do sentimento de realização profissional e pessoal;
- Falta de empatia e de compaixão pelo outro;
- Menor realização profissional.
Sintomas comportamentais:
- Isolamento;
- Lentificação na realização das tarefas habituais;
- Dificuldade em assumir as responsabilidades habituais;
- Consumo excessivo de comida, álcool ou drogas;
- Menos envolvimento laboral;
- Absentismo laboral;
- Falta de pontualidade (chegar atrasado ou sair mais cedo);
- Deterioração das relações sociais e familiares;
- Modificação dos padrões de comportamento habituais.
Quais são as consequências do 'burnout'?
O 'burnou't tem consequências negativas tanto na vida profissional, quanto na vida pessoal.
Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses, o esgotamento representa um risco não apenas para a pessoa afectada, como também para os seus pares, "uma vez que é contagioso (a tensão psicológica, a par da diminuição dos níveis de envolvimento, pode ser transferida para os outros elementos da equipa de trabalho)".
O 'burnout' pode ainda colocar em risco a saúde ou o bem-estar dos outros, estando associado à diminuição da qualidade dos serviços prestados e ao aumento dos erros no trabalho e no empobrecimento ou dificuldade na tomada de decisão. Há ainda que acrescentar os custos económicos do 'burnout', quer para os indivíduos (por exemplo, perda de salário, gastos adicionais com consultas e tratamentos), quer para as organizações (por exemplo, absentismo, erros e acidentes de trabalho e redução da produtividade). Só em Portugal, estima-se que o stresse e o burnout custem às empresas 3,2 mil milhões de euros por ano. Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2020
O que fazer para evitar ou combater o esgotamento?
O cansaço excessivo pode ser combatido com mudanças simples no dia-a-dia que promovam o auto-cuidado. Assim, é recomendado:
- Ter uma alimentação saudável;
- Praticar exercício físico;
- Manter uma boa higiene do sono;
- Promover o autocuidado;
- Praticar a técnica de respiração diafragmática e/ou outras técnicas de relaxamento;
- Manter relações saudáveis;
- Melhor a rotina diária;
- Ser mais cooperativo e empático;
- Estabelecer limites e aprender a dizer 'não';
- Fazer intervalos entre as atividades;
- Aprender a gerir o stress;
- Iniciar um novo hobbie;
- Procurar a ajuda de um psicólogo;
- Partilhar o desconforto com a chefia.