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Madeira

Serviços públicos de saúde da Região precisam de mais 500 enfermeiros

Hoje, 108 novos enfermeiros fizeram o seu juramento à profissão. Houve também homenagens a 30 enfermeiros pelos 25 anos de carreira e outros 30 pela aposentação no último ano

Decorreu hoje a cerimónia de vinculação de 108 novos enfermeiros. 
Decorreu hoje a cerimónia de vinculação de 108 novos enfermeiros. , Foto Rui Silva/ASPRESS

A presidente do Conselho Directivo da Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros da Madeira pede mais 500 enfermeiros para os serviços de saúde públicos da Região para satisfazer as necessidades efectivas. Essas contratações teriam de ser feitas, conforme apontou Teresa Espírito Santo, de forma regular, nos próximos anos.

Para já, a representante dos enfermeiros da Região apela à secretária regional de Saúde e Protecção Civil, que esteve presente na cerimónia de homenagem e vinculação à profissão que hoje decorreu, para envidar todos os esforços junto do Governo Regional de modo a avançar com a contratação dos 200 enfermeiros prometidos, não se ficando pelos 80 cujo procedimento está em curso.

Embora reconheça que possa não ser a curto prazo que os 108 novos enfermeiros que hoje se vincularam à profissão venham a conseguir colocação no sector público, Teresa Espírito Santo garante haver disponibilidade de contratação no mercado regional, nomeadamente nos sectores privado e social. 

Ainda assim, a responsável mostra alguma preocupação com a possibilidade de ‘fuga’ destes profissionais qualificados para o exterior, à semelhança do que já aconteceu no passado, pois, conforme notou, “vão à procura de melhores condições de trabalho”.

“De acordo com algumas manifestações de interesse de alguns destes enfermeiros recém-licenciados, nota-se novamente uma tendência grande para a emigração, na procura de melhores condições de trabalho e de valorização do seu diploma académico”, disse a presidente da estrutura regional da Ordem dos Enfermeiros, que pede, igualmente, atenção aos enfermeiros especialistas, pois esses profissionais continuam a deixar o Serviço Regional de Saúde. “Portanto, são também referências e enfermeiros altamente competentes e diferenciados que estão a sair em busca de melhores oportunidades para a sua vida pessoal e profissional”, constata.

Quanto aos 80 profissionais agora em contratação, dos quais cerca de 30 já estavam integrados nos serviços públicos, a presidente do Conselho Directivo da Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros da Madeira realça que os mesmos "não serão suficientes, mas darão um alívio". Nesse sentido, enfatiza que "esta entrada de enfermeiros tem que ser contínua e anualmente temos que repor aqueles peritos que estão a sair", como os que foram homenageados.

E se antes havia a necessidade de atrair os enfermeiros para os cuidados de saúde primários, agora esse esforço tem de ser direccionado para os cuidados hospitalares, que têm sido evitados por estes profissionais, atendendo ao trabalho por turnos, durante o fim-de-semana e à noite. "É necessário cativar os enfermeiros para a área hospitalar. Se quando eu comecei na profissão, há 30 anos, havia incentivos para os enfermeiros se fixarem na periferia e nos cuidados de saúde primários, neste momento, face ao estilo de vida que nós temos e à dinâmica familiar, é necessário incentivos para fixar os enfermeiros no hospital", apontou. 

Micaela Freitas não se compromete com novas contratações

Apesar dos apelos, incluindo do bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Barreira, que veio à Região para marcar presença nesta cerimónia, Micaela Freitas não se compromete com prazos para a contratação de mais enfermeiros.

A secretária regional de Saúde e Protecção Civil reafirmou que o objectivo é chegar às 200 contratações, mas apontando limites orçamentais para a entrada imediata desses profissionais.

“Verdadeiramente, nós sabemos que precisamos de mais. Aliás, por isso é que o concurso tem uma bolsa de recrutamento, e à medida que, em termos orçamentais, for sendo disponibilizada a verba, nós avançaremos com a contratação de mais enfermeiros”, apontou a governante.

Micaela Freitas garantiu que o SESARAM já fez o levantamento do número de enfermeiros que se irão reformar nos próximos anos, mas notou que os recrutamentos serão feitos tendo em conta essas saídas, mas, também, as “novas respostas” que o serviço público pretende dar, dando o exemplo da hospitalização domiciliária. Essa é, de resto, uma aposta que irá ganhar mais expressão no futuro.