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Sol e Sombra

A morte será sempre a mais devastadora das realidades. É o mais cruel dos golpes

O simples nascimento é belo e pleno, de uma beleza que emociona por si, só, sem mais nada. É vida. Os primeiros passos de uma criança são absolutamente emocionantes. O resto é percurso, é caminho e construção. É a vida que corre o seu curso como um rio. É a forma como se percorrem todos os caminhos. A relação com os seres e também com os objetos e com as coisas que nos tocam. Os outros, a água, as árvores, os ninhos, as ervas, os pássaros e as pedras. Tudo tem um significado e um sentido que marca. É o modo como pensamos, como decidimos, como agimos e como nos relacionamos.

É a importância que damos às coisas e as prioridades que estabelecemos. É estratégia. É o modo como encaramos os desafios. É a chama e o fogo que temos dentro de nós. O mar, a lua e a areia molhada. São as marcas profundas. Os riscos, os risos e as tentações. É o mais simples nos nossos olhos. O olhar, os gestos e as palavras. Os momentos. A confiança, a lealdade e a coragem. A intensidade, a coerência e a identidade. O carisma e o carácter daqueles que se mantêm fiéis aos seus ideais, sem vacilar. Sem mudar de camisola ou de cor. O sentimento e a esperança. É a luta que abraçamos com força. É o combate e a guerra. O grito. É a paixão, o amor, a causa, a missão, o serviço e a luta. É a derrota e a vitória. O cansaço e a paz que nos descansa. A consciência do dever cumprido. A inquietação, as angústias, os impulsos, os silêncios e os medos. É a fúria, a força, a raça e a superação. São as nossas conquistas e as alegrias dos outros. A celebração. É o azul e o branco. É a liderança firme. Sempre o azul. São os abraços e os braços nos ar. O suor, os sorrisos e as lágrimas felizes. É o dia que nasce e o sol que brilha e que aquece. É a brisa e o vento. A chuva e o frio. O tempo que passa e que esmorece. É o sol que vai e a sombra que fica. Do esplendor à  morte cruel. A notícia. O choque. O suspiro. O silêncio, de novo. A lágrima triste. O fim do caminho. O tempo que pára e que acaba.

A morte será sempre a mais devastadora das realidades. É o mais cruel dos golpes. O mais duro. O que nos faz parar verdadeiramente. O pior dos momentos da vida. O mais triste. A mágoa do caminho que falta e do que ficou por cumprir. Os olhos. A história que fica enquanto o tempo quiser, porque nada é eterno quando os dias passam e passam. O luto. São aqueles que ficam mais algum tempo, alertados pelos sinais do inevitável fim que virá. É o mais tarde ou mais cedo. O medo da perda. A ferida e a marca. O alento para o que sobra. A memória guardada em silêncio. A saudade. O recato, o desconsolo e a revolta impotente dos que sentem com alma e coração, porque só assim vale a pena existir, mesmo que doa. A dor faz parte da vida.