Bola da vergonha
Em tempos idos – ainda éramos jovenzinhos - já ouvíamos dizer que o futebol era o espelho da Nação, a alienação do povo, que servia para que este expandisse o que sentia na alma e que não o podia fazer de outro modo.
Tudo muito certo. Contudo, agora, os tempos mudaram e o futebol continua sendo, tristemente, o espelho da Nação e embora o povo possa desabafar livremente o que vai na alma, o futebol não deixou de ser a alienação do povo.
- Terminou recentemente mais uma época futebolística em Portugal, deixando atrás de si um rasto de tristeza, de vergonha e de agressividade selvagem, inadmissível em qualquer parte do mundo.
Mas para sermos sinceros e honestos nada que aconteça no futebol neste País - por mais grave que seja – nos causa admiração.
O ambiente (doentio) que se cria à volta do futebol ao longo da época, mais a tolerância e certos comportamentos por parte das instituições que gerem o futebol, não podem produzir outra coisa que não seja o pior para a modalidade.
O adepto, agora, é “bombardeado” por jornais desportivos todos os dias e por alguns canais de televisão de hora a hora até de madrugada. Para conseguirem leitores e audiências não olham a meios, quer através de escritos ou comentários televisivos.
Aliás, comentadores desportivos é o que menos faltam. E no que toca à televisão, alguns dão-nos a impressão de que são escolhidos a dedo para provocarem a discórdia, o conflito, incluindo a “peixeirada” que só mal fazem ao futebol e à própria credibilidade da estação televisiva que transmite.
Às vezes, nem sabemos se rimos ou choramos quando vimos e ouvimos antigos jogadores de futebol – de mediana categoria - treinadores - com pouco ou nenhum currículo - a analisarem e criticarem duramente o trabalho de jogadores e treinadores que são muito melhores do que eles foram no seu tempo.
E, inclusivamente, alguns árbitros que foram o que Deus bem sabe quando apitavam, a serem considerados “especialistas de arbitragem”, a darem opiniões opostas sobre o mesmo lance, o que deixa logo ver a quem o futebol “externamente” está entregue.
Dentro do campo – onde qualquer dia há mais árbitros num jogo do que jogadores - está como se vê. Arbitragens, muitas vezes a roçar a mediocridade, auxiliadas por um VAR que tanto descortina um fora-de-jogo de 3 cm, como não vislumbra faltas escandalosas, incluindo presumíveis agressões que, qualquer adepto vê em casa no seu televisor de meia dúzia de dezenas de polegadas.
Andamos anos e anos a dizer que o futebol andava mal, tinha resultados” viciados” porque os árbitros eram perseguidos e ameaçados e lançávamos as culpas a dois presidentes de clubes e ao “chefe de uma “tenebrosa” claque. Agora que um desses dirigentes já morreu, o outro está afastado do futebol e o terceiro está preso, a quem devemos atribuir culpas das más arbitragens desta época, culminadas na vergonhosa final da Taça de Portugal?
Ao Conselho de Arbitragem não é, porque, graças a Deus, sempre esteve bem entregue, notabilizando-se, sobretudo, na capacidade de escolha dos árbitros para os jogos.
À FPF também não, presumivelmente, porque não tem nada a ver com isso. Ao Governo, através da Secretaria do Desporto, desconhecemos as suas funções e obrigações, logo não o responsabilizamos, só se já apareceu um “dono e senhor” do futebol que o presente ainda não nos disse, mas que o futuro certamente nos dirá.
Mas – e talvez seja o mais certo – o mal do futebol deve-se ao TEMPO que, realmente, não tem andado muito bem do “juízo”
Juvenal Pereira