8 de Março, Dia Internacional das Mulheres
Conheça a história e importância desta data
O Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas, em 1975. É assinalado, anualmente, a 8 da Março, para homenagear aquelas que lutaram pelos direitos das mulheres, para lembrar que as conquistas de outrora continuam a ser relevantes, e que a luta ainda não acabou.
“Imagine um mundo com igualdade de género. Um mundo sem estereótipos e discriminação. Um mundo diverso, equitativo e inclusivo.” É esta a premissa da plataforma ‘International Women’s Day’ (Dia Internacional das Mulheres), que para a efeméride deste ano pele “acção acelerada”.
Conheça a história por detrás deste Dia Internacional das Mulheres.
O Dia da Mulher foi oficializado em 1975, mas é assinalada desde o início do século XX. Em 1908, 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, reivindicando a redução do horário laboral, melhores salários e o direito ao voto. Um ano mais tarde, em 1909, aquele dia foi assinalado como o Dia Nacional das Mulheres.
Deste lado do Atlântico, a proposta de tornar o dia internacional veio de Clara Zetkin, activista comunista e defensora dos direitos das mulheres. A ideia foi partilhada em 1910, num encontro internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhaga, que reuniu mais de uma centena de mulheres, de diversos países, que prontamente concordaram, por unanimidade, com a sugestão.
Carolina Rodrigues , 07 Março 2025 - 10:59
Assim, o primeiro Dia Internacional das Mulheres foi celebrado, pela primeira vez, em 1991, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, estendendo-se mais tarde a outras geografias. Foi após a greve das operárias russas, a 8 de Março de 1917, que o Dia da Mulher passou a ser assinalado, sempre, a 8 de Março. A meio da guerra, as mulheres russas exigiam “pão e paz”, e quatro dias após a paralisação começar, o Czar Nicholas II foi forçado a abdicar, e o governo interino concedeu às mulheres o direito ao voto, como resultado da sua acção de protesto.
Esta efeméride surgiu com o intuito de homenagear as mulheres de todas as nações, que viram o seu papel na sociedade menorizado e os seus direitos violados por terem nascido mulheres, e que lutaram por direitos de cidadania, iguais aos direitos reconhecidos aos homens. Com o passar dos anos tornou-se, também, ocasião para celebrar as conquistas das mulheres na sociedade.
O Dia Internacional das Mulheres celebra, então, aquelas que lutaram por direitos fundamentais, como o direito ao voto, a igualdade salarial, a maior representação em cargos de liderança, os direitos sexuais e reprodutivos, a protecção em situações de violência de género e doméstica e o acesso à educação. Causas que continuam na ordem do dia, sendo que alguns destes direitos continuam por cumprir.
Desde 1996 que cada Dia Internacional das Mulheres tem um tema oficial. O primeiro tema adoptado pela ONU foi ‘Celebrar o passado, Planear o Futuro’. Em 2025, o tema é ‘Para TODAS as Mulheres e Meninas: Direitos. Igualdade, Empoderamento’. É uma chamada à acção, para que sejam desbloqueados os direitos, poderes e oportunidades iguais para todos, e um “futuro feminista onde ninguém seja deixado para trás”. O tema deste ano considera essencial a consciencialização das camadas mais jovens, como um catalisador para uma mudança duradoura.
Plataforma de Acção de Pequim
Há 30 anos, em 1995, a 4.ª Conferência Mundial Sobre as Mulheres, da ONU, realizou-se em Pequim. Deste encontro, onde participaram 17 mil pessoas, de 189 países, saiu uma declaração que enuncia princípios fundamentais de acção política pela defesa dos direitos das mulheres, e uma plataforma de acção que apontava estratégias e caminhos de mudança.
A Plataforma de Acção de Pequim trouxe uma nova forma de pensar as políticas de igualdade entre mulheres e homens, introduzindo na agenda internacional o conceito de igualdade de género como uma questão de interesse universal e reafirmando que os direitos das mulheres são direitos humanos.
Estabeleceu compromissos de acção em 12 áreas críticas, incluindo a pobreza, educação e formação, economia, poder e tomada de decisão, saúde, meios de comunicação social, ambiente, conflitos armados, instituições oficiais e violência contra as mulheres.
Foi publicado um relatório que retrata os 30 anos desde a implementação da Plataforma de Acção de Pequim, que mostra que 63% das mulheres com idade entre os 25 e os 54 anos tem um trabalho remunerado, em comparação com 92% dos homens. Mais de 772 milhões de mulheres trabalham na economia informal, não têm protecção social e os seus empregos são os mais ameaçados em caso de crise.
O relatório dita, ainda, que desde 2022, os casos de violência sexual relacionada com conflitos aumentaram em 50%, e 95% das vítimas são mulheres e meninas. Em 2023, 612 milhões de pessoas viviam a 50Km de um dos 170 conflitos armados que ocorrem no planeta, 54% a mais que em 2010.
Mostra, ainda, esta estudo, entre outros dados, que a cada 10 minutos, uma mulher ou rapariga é morta pelo parceiro ou por um membro da família, e uma em cada três é alvo de violência física e sexual, tanto em casa quanto fora dela.
Entre 10 e 21 de Março decorre, em Nova Iorque, a 69.ª sessão da Comissão sobre o Estudo das Mulheres, assinalando o 30.º aniversário da Plataforma de Acção de Pequim, focando a revisão e apreciação da implementação desta declaração, três décadas após a sua adopção.
Retrocessos
Ontem, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) partilhou um artigo em que mostra preocupação pelos “tempos de retrocessos e conflitos” que atravessamos. “Na Europa, tem-se aprofundado a feminização da pobreza, bem como se reforçam discursos misóginos e anti-direitos que ameaçam a participação plena das mulheres na vida política, social e económica, fortalecendo estereótipos sexistas e comprometendo os princípios democráticos fundamentais”, considera.
Já relativamente a Portugal, entende a PpDM que “as condições de vida das mulheres têm-se agravado com o aumento do custo de vida, os salários baixos e a persistente desigualdade salarial entre mulheres e homens, a precariedade no trabalho, o acesso à habitação condigna cada vez mais dificultado, e a degradação dos serviços públicos essenciais, nomeadamente na saúde, na educação e nos transportes públicos. Verifica-se também um reforço da estereotipia sexista, patente em particular na organização social e nas famílias, e dos discursos misóginos que querem retirar relevância às mulheres enquanto sujeito específico inscrito nas políticas públicas. E persiste a intolerável violência masculina contra as mulheres e as raparigas em todos os espaços e esferas das suas vidas.”
A PpDM, como ONG com Estatuto Consultivo Especial junto ECOSOC das Nações Unidas, marcará presença na 69.ª sessão da Comissão sobre o Estudo das Mulheres, com uma delegação de 20 mulheres.