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Madeira

Trabalhadoras da Santa Casa de Machico em greve participam em concentração no Funchal

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Foto Arquivo

Mais de cem trabalhadoras da Santa Casa da Misericórdia de Machico, na da Madeira, estão hoje em greve, lutando pelo pagamento de retroativos desde julho de 2022 e integraram a concentração promovida pela CGTP assinalando a Semana da Igualdade.

"Viemos em manifestação até à residência oficial do Governo Regional, juntamente com as trabalhadoras da Santa Casa da Misericórdia de Machico, que estão em greve a 100%. Só os serviços mínimos estão a funcionar", disse Maria José Afonseca, da Comissão para a Igualdade entre Homens e Mulheres da CGTP à agência Lusa.

A responsável explicou que hoje foi programada uma concentração e manifestação no âmbito da Semana da Igualdade, argumentando que para atingir esse objetivo é precisa uma luta diária.

"Enganam-se aqueles e aquelas que acham que já não é necessário lutar pela igualdade, já foi conseguida a igualdade. Nós temos muitos casos concretos onde há uma grande desigualdade entre mulheres e homens, quer no trabalho, quer na vida, quer na sociedade", opinou.

Maria José Afonseca explicou que a concentração saiu da "Rua das Pretas (Funchal), onde muitas mulheres trabalharam em serviços domésticos em casas de grandes senhores", considerando que a ação é também uma "homenagem e a luta para acabar com as amarras da escravatura, do trabalho mal pago, das discriminações salariais".

"Em quase todos os setores da região onde a mão de obra é feminina os salários rondam todos o salário mínimo regional", apontou.

Para a sindicalista, "há um caminho que se tem de continuar" para conseguir a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Sobre a paralisação das mais de 100 trabalhadoras da Santa Casa da Misericórdia de Machico, realçou que "foram as primeiras que fizeram greve pelos seus direitos, ganham o salário mínimo regional, com mais de 20 anos de trabalho, com qualificações profissionais, têm formação e não têm mais nada".

"Daí que houve greve em 2023 e 2024, conseguiu-se que fosse aplicado o contrato coletivo de trabalho das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), embora tenha direitos muito aquém dos necessários, mas faltam os retroativos. Elas estão em luta pelos retroativos dos salários e diuturnidades e hoje juntaram-se à manifestação e fomos entregar uma resolução das trabalhadoras ao Governo Regional", salientou.

Maria José Afonseca indicou que no documento estas trabalhadoras "exigem uma reunião com Governo Regional que tem feito orelhas moucas e não tem dado resposta às reivindicações das trabalhadoras".

Sublinhou ainda que estas trabalhadoras auferem "salários muito baixos" e têm para receber diuturnidades referentes a 2022 e 2023, valores que "a provedora concordou pagar e agora afirma que não há retroativos para ninguém".

No seu entender, "a responsabilidade dos constrangimentos da greve quer para os utentes, que são idosos, quer para a creche, com relação à refeição, são da responsabilidade da Mesa da Santa Casa e da senhora provedora".

"Lamentamos os constrangimentos para idosos e famílias, mas é uma luta que tinha de ser [feita], a instituição foi alertada e manteve a sua posição e não houve outra solução", concluiu.