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NAPA

Só não me emocionei porque o carnaval coincidiu com os meus 45 anos de porrada e calo

Não assisti ao Festival que determinou a passagem à final da canção dos madeirenses NAPA.

Nos anos 80 o Festival da Canção, o Miss Portugal e os Jogos sem Fronteiras eram imperdíveis, como mais tarde o “Parabéns”, de Herman José. Hoje a oferta é tanta que se dissipa pelo comando entre os dedos e relegou para o fundo duma gaveta, qual carregador de telemóvel velho, quase todos esses programas, uns desapareceram totalmente, outros simplesmente… desapareceram das maioria das nossas preferências.

Quando era criança reuníamos a família em casa para assistir àqueles festivais e era dia de festa.

Hoje metemos a montra no telemóvel, cada qual assistindo ao que quer e muitos a se acharem no direito de comentar até a cor dos sapatos que se usa ( há gente que se safaria melhor como “comentadeiro” de revista cor de rosa que como político ou “wannabe”, sem chegar a lado algum a não ser destilar fel e inveja).

Não obstante, o certo é que, mesmo sem o hábito de se colocar bandeiras do tamanho da Madalena do Mar pelo território, como fazem noutros países, sempre que um madeirense brilha, a maioria, porque invejosos há sempre e “há quem lide mal com o sucesso alheio”, rejubila de orgulho: o nosso “menine” Cristiano, as Ninfas do Atlântico, a Micaela Abreu, a Telma Encarnação, a Vânia Fernandes, a Jessica Rodrigues, a Licínia Macedo, a Marina Rodrigues e tantos, tantos outros que se destacam e destacaram desde a música, à beleza, ao desporto e que fazem os nossos olhos brilhar quando anunciados vencedores e vencedoras, autênticos orgulhos madeirenses.

Num destes dias de Carnaval, em que gosto de me disfarçar de desaparecida, o meu filho, de 14 anos, quase me obrigou a ouvir a canção “Deslocado” dos NAPA, o que começou como um frete continuou comigo sentada à chinesa a absorver a melodia, mas sobretudo a letra. Qual estudante insular deslocado não se identifica? Só não me emocionei porque o carnaval coincidiu com os meus 45 anos de porrada e calo, já sendo difícil me emocionar… mas, aquela letra, no início dos anos 2000: a mãe, a terra que nunca será nossa, o avião, o mar. Casa. A música é nossa do estudante madeirense insular deslocado, mas também dos açorianos e até dos emigrantes. Somos uma terra de resiliência e nestes tempos de incerteza política mundial, recuperemos o orgulho de ser madeirense.

Boa sorte NAPA, estamos a torcer por vós.