A taxa de abstenção já alguma vez ultrapassou os 50% nas ‘Regionais'?
A melhor participação foi registada em 1980. Desde então tem havido variações
A líder da Nova Direita, Ossanda Liber, veio em Fevereiro à Região alertar para o eventual aumento da abstenção nas ‘Regionais’, uma vez que “as pessoas estão muito desiludidas com a política”. Logo nessa altura, algumas vozes admitiram que dificilmente seria batido o recorde registado num sufrágio em que mais de 50% não foram às urnas. Terá sido mesmo assim?
A taxa de abstenção nas regionais da Madeira foi de 46,60% em Maio de 2024, por sinal, muito próxima da registada nas eleições anteriores, segundo os resultados divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna. Ou seja, dos 254.522 eleitores inscritos, apenas 135.909 optaram por votar.
Nas eleições de Setembro de 2023, a abstenção acabou por ficar nos 46,65% quando havia 253.865 eleitores aptos a votar, menos do que em 2019, quando a taxa de abstenção foi de 44,49%, num acto eleitoral com 257.232 eleitores inscritos.
O pior tinha acontecido quatro anos antes. O valor recorde da abstenção desde 1976, ano das primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, registou-se em 2015, quando não foram votar 50,42% dos 256.755 eleitores inscritos, numa eleição com algumas estreias e que assinalou o fim de ciclo jardinista.
Melhor participação foi em 1980
Há 43 anos, no primeiro escrutínio para o parlamento madeirense, 25,21% dos 143.403 eleitores não foram às urnas, mas foi quatro anos depois, em 1980, que se obteve a menor taxa de abstenção em regionais na Madeira: 19,15% (estavam recenseados 153.439 eleitores).
Em 1984 começou a tendência de subida, com a taxa a chegar aos 28,57% (169.419 eleitores recenseados) e em 1988 para os 32,35% (185.340 eleitores inscritos).
Nas duas décadas seguintes, os números continuaram sempre a subir: 33,47% em 1992 (196.589 eleitores recenseados), 34,74% em 1996 (208.486 eleitores recenseados), 38,09% em 2000 (209.541 eleitores recenseados) e 39,53% em 2004 (227.774 eleitores recenseados).
Em 2007, a abstenção 'estagnou', mantendo-se em 39,25% (231.606 eleitores recenseados), para voltar a subir em 2011, para os 42,62% (256.755 eleitores recenseados) e, depois, para pouco mais de 50% em 2015.
Resta saber o que nos reserva o sufrágio de 23 de Março, apesar de ser importante ter em conta que a Região tem 48 mil eleitores deslocados, que representam 19% do total dos recenseados. Como tem lembrado o DIÁRIO, estes números distorcem os índices de participação nas eleições, ou seja, a abstenção que se regista na noite das eleições é muito superior ao número real de eleitores que residem na Madeira e não vão votar.