PS: um erro do tamanho do Pico Ruivo
Jornalista e director interino do Sol, Vítor Rainho, entra nas eleições 'vistas de fora'

"De 1976 a 2024, o Partido Socialista só conseguiu convencer mais seis mil eleitores. É muito poucachinho."
Em 49 anos a Madeira viu crescer o seu número de eleitores em 111.119, passando de 143.403 para 254.522, mas o número de votantes não acompanhou o ‘engordar’ dos cadernos eleitorais.
De 107.265 votantes, em 27 de junho de 1976, passou-se para 135.909, em 26 de maio de 2024. Continuando na matemática, a percentagem de votantes passou de quase 75% para 53,40%. Quer isto dizer que o panorama político mudou muito nestes 49 anos? A resposta é negativa, pois o PPD/PSD ganhou todas as eleições registadas, mas se na primeira, em 1976, conseguiu chegar aos 59,63%, em maio último ficou-se pelos 36,13%, ficando na casa dos 49 mil eleitores – em 1976 conseguiu convencer quase 64 mil madeirenses a votarem no partido da seta.
Deixando os números para trás, é, de facto, um fenómeno, penso, a nível mundial, se excluirmos as ditaduras. O que revela como a oposição é fraca e não consegue tornar-se alternativa, apesar da forma de vida local assentar em parte na subsidiodependência, que favorece, inevitavelmente, quem está no poder. O PS, tudo o indica, cometeu um erro do tamanho do Pico Ruivo ao voltar a apostar em Paulo Cafofo, um homem que só conseguiu mais seis mil votos do que o partido tinha conseguido em 1976, então com menos 111 mil eleitores. Quer isto dizer, e não é preciso fazer nenhum tratado político, que o Partido Socialista arrisca-se, cada vez mais, a aproximar-se mais do Juntos Pelo Povo do que do PPD/PSD. Quando Miguel Albuquerque, com todos os problemas que tem com a Justiça, está próximo de uma nova vitória, só faltando saber se é por maioria ou não, está praticamente tudo dito. Se Alberto João Jardim voltasse a ter sede de fazer campanhas eleitorais, talvez Miguel Albuquerque tivesse um adversário...