"Estatismo castra empreendedorismo e ideias"
Economista Paulo Pereira assina o terceiro 'Barómetro de Campanha'
Semanalmente durante a pré-campanha uma personalidade por nós convidada mede a temperatura política
O presidente da Ordem dos Economistas da Madeira assina o terceiro 'Barómetro de campanha'. Responde à questão: O que tem a campanha de escaldante, quente, morna e fria? E critica o excesso de intervencionismo estatal presente em muitas propostas.
A campanha continua marcada por escalar de propostas e promessas de intervencionismo estatal em todos os aspetos da vida dos madeirenses por todos os 14 partidos/coligações concorrentes. Bem previu Joseph Schumpeter, no seu livro Capitalism, Socialism and Democracy (1942) que o socialismo poderia vencer não por mérito económico, mas através da democracia e do voto popular. Estatismo castra empreendedorismo e ideias, as tais que só elas podem iluminar na escuridão. Nunca funcionou, não funciona nem funcionará. Mas parece que é inevitável…
Peço desculpa aos ausentes no termómetro, pois sei que se esforçaram muito para criarem as mais diversas propostas e promessas, mas tal como um treinador de futebol, tenho de decidir quais entram em campo hoje e ao contrário da Vossa imaginação, bondade e ao que parece recursos (leia-se “dinheiro dos outros”), tenho um limite de caracteres a respeitar.
Uma última palavra para o crescente embelezamento das nossas paisagens com cartazes cheios de classe como os da mala, alguns a regressarem ao estilo retro dos anos 70, alguns subliminarmente a lembrar a infantilidade das promessas (como o do bob o construtor). É uma sorte este trimestre turístico estar a bater recordes de visitantes que poderão levar além-fronteiras toda esta riqueza “democrática”. Depois da cebola, semilha, destino, jogador, bolo de mel, bolo do caco, poncha, praia de areia, teremos a “melhor democracia do mundo”?
O tema da habitação: o JPP insiste na capacidade de se fazerem 500 casas por ano; PS com o “primeira chave” sugerindo o seu financiamento com eventual receita das “alegadas irregularidades no CINM”; Bloco de Esquerda a insistir na proibição/ impedimento de estrangeiros de adquirirem casa na Madeira e Porto Santo e o PSD com a proposta do GR avalizar os 10% de entrada aos compradores que os Bancos exigem por precaução
A incrível coincidência (?) entre programas do PS e do JPP onde saliento a proposta de aumento de € 150 mensais do JPP e dos € 1.800 anuais do PS do suplemento aos idosos. Espera-se na próxima semana que o CDS não se deixe ficar para trás e aumente o valor em licitação e o PSD arranje também uma maneira diferenciada de entrar no clube que fundou;
Podia fazer a piada fácil de comentar a ausência do Nuno na campanha da IL, mas vou focar el algumas das propostas do CDS como o aumento do ordenado mínimo subir em 2026 para € 1000, subsídio de insularidade a pagar aos trabalhadores do privado e estado a dever garantir condições para que “os casais tenham todas as condições para constituir a família que desejarem”. Para um partido de matriz cristã, não se estão a esquecer de prometer entrada direta no céu a todos os madeirenses e porto santenses? É que cobrança da promessa é bem mais difícil. Fica a dica!;
Praticamente nenhum dos 14 concorrentes se chegou à frente com propostas para corte de despesa (sem se cair no jargão já algo boçal das poupanças oriundas do “fim da corrupção”, “das gorduras”, “dos tachos”, dos “vícios”, do “aumento da eficiência”, etc.), com a exceção do 1) JPP, que propõe poupar nos cargos de governação 50 milhões/ano (cerca de 1,85% do orçamento de 2,7 mil milhões e que expande 14% num ano, parecendo com o “cheiro a poder” ter enviado em definitivo para a prateleira a ambição de cortes de 10% a 15% da despesa do GR propostas há pouco mais de um ano 2) e do CDS, que chapa na cara dos críticos a solução: “com a venda de património inútil e com cortes e poupança na pesada máquina governamental e em organismos e serviços sem utilidade para a Região” – Como é sabido por todos, património classificado de inútil tem sempre muito valor e interesse no mercado (como o exemplo dado da a “fábrica das algas no Porto Santo) e será com certeza uma excelente, imediata e recorrente fonte de receita e só faltou dizer se a redução da pesada e inútil máquina governativa será feita com despedimentos ou saneamentos - os uteis e elegantes devem ser claramente os que entraram há poucos anos no governo e afins…