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Explicador Madeira

Transmissão e sintomas da dengue

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Foi detectado o vírus da dengue num mosquito na Madeira, capturado numa armadilha localizada no Funchal. A Autoridade de Saúde Regional esclareceu que, à data da detecção, “não existiam casos suspeitos nem confirmados de dengue em humanos na Região”.

Dengue detectada em mosquito Aedes Aegypti no Funchal

Ainda não existem casos suspeitos nem confirmados de Dengue em humanos na Madeira

Marianna Pacifico , 07 Fevereiro 2025 - 21:27

Ainda assim, convém lembrar as causas, sintomas e tratamento (sintomático) da doença da dengue.

A dengue é uma doença provocada por um vírus do género Flavivírus que se hospeda no organismo humano através da picada das fêmeas do mosquito do género Aedes infectado, particularmente Aedes Aegypti, como aquele capturado esta semana, no Funchal. A transmissão não ocorre pessoa-a-pessoa, exceptuando de mãe para bebé durante a gravidez, embora seja pouco frequente.

É possível uma pessoa contrair dengue até quatro vezes, já que este vírus apresenta quatro serotipos diferentes (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4), e um serotipo não gera imunidade contra os restantes.

O Aedes Aegypti, responsável também pela transmissão da zika e chikungunya, é um mosquito pequeno, preto com uma riscas branca nas patas e no tórax. A sua alimentação, reprodução e depósito dos ovos ocorre durante o dia e o mosquito é mais activo no início da manhã e no final da tarde. Uma vez que as fêmeas precisam do sangue humano para a maturação dos seus ovos, é esse momento em que pode ocorrer a transmissão da doença.

Sintomas

A dengue tem um período de incubação de três a sete dias, podendo prolongar-se até aos 14 dias. Ou seja, os sintomas surgem entre três e 14 dias após a picada pelo mosquito infectado. Sintomas que passam, sobretudo, pela febre, que dura entre dois e sete dias, mas também por dores de cabeça, dores nos músculos e articulações, dores em redor ou atrás dos olhos, vómitos, manchas vermelhas na pele, e hemorragias. No entanto, uma em cada quatro pessoas não apresenta sintomas, nomeadamente a maioria das crianças, ou apresenta um quadro febril leve.

O quadro hemorrágico (dengue hemorrágico) na pele, mucosas e órgãos internos, pode acontecer em casos mais grave, podendo mesmo causar a morte. De referir que a probabilidade de a doença se tornar mais grave é maior em indivíduos que já tenham contraído a infecção anteriormente.

Algumas pessoas podem desenvolver outras complicações mais graves, como desidratação grave; hipotensão; disfunção respiratória; vómitos persistentes; dor abdominal intensa; falência do fígado; disfunção grave / insuficiência de órgãos. Fazem parte do grupo de risco de complicações por infecção deste vírus os doentes crónicos, idosos, mulheres grávidas, e pessoas com história de cirurgia ou traumatismo craniano recente.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da dengue é feito pela da realização de testes laboratoriais, através de análises ao sangue, para identificar a presença de anticorpos contra este vírus. Embora seja possível detectar o vírus, não se consegue identificar qual dos quatro serotipos da dengue é o responsável pela infecção.

Não existe um tratamento específico para a dengue, sendo o tratamento apenas sintomático. Ou seja, combater os sintomas como a febre e aliviar a dor. Os doentes devem procurar aconselhamento médico, descansar e beber muitos líquidos. Não devem ser tomados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, pois podem aumentar o risco de hemorragias. Em casos mais graves é necessário o internamento hospitalar e terapêutica intravenosa.

Vacina

Já existe uma vacina para esta doença, desde 2015. Tem indicação para ser utilizada e conferir protecção contra a doença da dengue em pessoas com idades compreendidas entre os 6 e os 45 anos, que tenham tido uma infecção prévia por este vírus, e que vivam em zonas consideradas endémicas ou de risco.

Prevenção

A principal forma de prevenir a infeção pelo vírus da dengue é a proteção individual contra a picada do mosquito, bem como ao combate ao próprio mosquito Aedes Aegypti, eliminando locais onde habitualmente depositam os ovos, como locais com águas paradas (por exemplo, material abandonado como pneus em desuso, latas, garrafas, pratos de vasos de plantas, bebedouros de animais, charcos, poços e piscinas).

Assim, é de evitar usar pratos nos vasos de plantas, ou colocar areia até à borda; manter os caixotes do lixo tapados e os ralos fechados e desentupidos; lavar com uma escova as taças da comida e da água dos animais, no mínimo uma vez por semana; limpar as calhas da casa, eliminando detritos que possam obstruir a passagem da água; puxar o autoclismo de sanitas pouco usadas pelo menos uma vez por semana e manter as tampas fechadas.

A nível da prevenção individual, deve usar-se roupas largas, preferencialmente de cores claras e que cubram a maior área corporal possível; aplicar repelente adequado (que contenha até 10% de DEET [NN- dietil-m-toluamida] para crianças e entre 30% a 50% de DEET para adultos); evitar locais de maior exposição durante o amanhecer e o anoitecer; e ter atenção às orientações da Autoridade de Saúde Regional.

A Direção Regional da Saúde dinamiza uma campanha de prevenção e controlo do mosquito Aedes Aegypti, designada por 'PrevMosquito. A sua ação é importante'. Esta campanha tem por objectivo promover a consciencialização sobre os riscos para a saúde associados aos mosquitos e reforçar as medidas de prevenção.

Fontes: Direção-Geral da Saúde / CUF / IA-Saúde / Direção Regional de Saúde