O amor não devia doer
O Amor é um dos sentimentos mais profundos e essenciais da experiência humana, e na sua essência mais pura, reflete-se em cuidado, respeito e liberdade. O Amor fortifica, acolhe e faz-nos crescer. Porém, para muitas pessoas, o Amor mistura-se com a dor, o medo e a submissão. Isso não é Amor, é violência.
O Amor deve ser um refúgio, um espaço pautado por segurança e felicidade para ambas as partes, e no qual estas se sintam valorizadas e respeitadas.
Se dói, aprisiona, limita e causa medo, então não é Amor. O Amor verdadeiro não magoa, não humilha nem tenta moldar o outro. O Amor saudável é diálogo, partilha e confiança. É importante desconstruirmos a ideia de que os ciúmes excessivos, a posse e o controlo são demonstrações de afeto. Esses são sinais de alerta (“red flags”) e que estão presentes nas relações abusivas. O Amor só é verdadeiro quando nos permitem sermos quem realmente somos.
Ninguém merece viver imbuído num ciclo de violência que se poderá traduzir em violência emocional e psicológica, intimidação, coação e ameaça, violência física, isolamento social, abuso económico, violência sexual – e todos os tipos de violência deixam as suas marcas.
No fim, o Amor é a escolha. Escolher ser feliz, sentir sem medo ou amarras. Porque amar não é necessitar de alguém para se ser feliz, mas sobre ter com quem partilhar a nossa felicidade.
Se estás numa relação violenta ou conheces alguém que esteja, PEDE AJUDA!
TESTEMUNHOS DE VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
- “Eu não pude tirar o curso porque ele achava que haviam lá homens”.
- “Ele ficava com o meu cartão multibanco e depois eu não conseguia comprar comida para os meus filhos”.
- “Dizia-me sempre que eu não tinha jeito para nada”.
- “Olha o que tu me obrigaste a fazer. A culpa é toda tua”.
- “Ninguém vai te querer, vais ficar sozinha”.
- “Podes ir embora, mas não levas os meus filhos. És uma má mãe”.
- “Sinto que perdi a minha voz e que estava num ciclo de medo”.
- “Ele pedia desculpas, prometia mudar... mas nunca mudou”.
- “Eu fiquei por causa dos meus filhos porque achava que era o melhor para eles”.
- “Ele isolou-me dos meus amigos, da minha família, até que eu me senti completamente sozinha”.
Pelas directora do Centro Social e Paroquial de São Bento da Ribeira Brava e Psicóloga da Casa de Abrigo
Magna Rodrigues e Sandra Burchert